Mudanças no trato da coisa pública

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS) diz que a relação do Governo com o Parlamento mudou. Na avaliação do deputado e líder ruralista, “há mudanças no trato da coisa pública, o presidente desloca a liderança e, as coisas vão se reorganizando do seu jeito, às vezes uma reorganização dolorosa”. Antes, segundo o parlamentar, com uma representação de 70 a 80 votos cada um, o deputado podia sentar com o governo e dizer “se o senhor puder nos ajudar, nós te ajudamos. Essa relação acabou”, comemora.

deputado Alceu Moreira (MDB-RS)

Paradigma quebrado

Alceu Moreira explica que “as pessoas passam anos, às vezes décadas, fazendo política do mesmo jeito, no estilo antigo, podemos citar nomes inclusive, como é o caso do Antônio Carlos Magalhães”. O parlamentar argumenta que o baiano tinha “um poder político gigante, e esse poder político transferia para ele recursos para a Bahia, ele validava suas lideranças não apenas pela capacidade do líder, mas porque essa força de liderança acabava fazendo valer uma expressão orçamentária”. Segundo o deputado, aqui no Congresso, tem muita gente assim, e, no Governo Bolsonaro, esse paradigma foi quebrado, isso não funciona e gera frustração para muita gente”.

Reforma da Previdência

Na opinião de Moreira, “hoje a sociedade sabe perfeitamente, e o Parlamento também, que a Reforma da Previdência vai passar na Câmara; e não passará porque o governo pediu que passe, vai passar porque o Parlamento quis que passasse”. Segundo o líder ruralista, isso dá aos parlamentares “protagonismo, isso na verdade é a cura de uma chaga, de uma ferida longa, que transformava o Parlamento num apêndice, ora do governo ora do judiciário. Isso é autoafirmação. Então para nós é um período importante”.

Compromisso de entrega

Outro ponto importante abordado por Alceu Moreira, é o compromisso de entrega. Ele defende que “essa coisa não pode mais continuar com essa prática, com essa coisa modorrenta que tudo pode ser não interessa há quanto tempo. Quer dizer, um projeto pode entrar aqui e ser decidido dez anos depois”, acentuou.  Para o líder emedebista, “a pessoa não tem compromisso com prazos, eles querem apenas ficar no discurso e no discurso; e a população não tolera mais isso, principalmente os nossos netos, filhos de menos de 40 anos, eles estão reconstruindo o sentido de integridade nacional. Eles não toleram a corrupção, a enrolação. A cabeça dele é de cooperação empreendedora, ele percebeu que para vencer na vida ele tem que ter competência, ser qualificado, ser honesto. E a grande maioria desse povo já compreendeu essa lógica”, frisou.

Chega de rolo

O deputado reforça que “o Parlamento precisa imediatamente perceber isso e marcar prazo para entrega: tarefa, prazo, resultado. Precisa ter resultado, não pode ficar a vida inteira nesse rolo, rolo, rolo, rolo, cada vez que abre a porta o caixão está ali, de novo”. E cita um exemplo: “Ontem (26), por exemplo, nós aprovamos uma legislação nossa no Senado, uma lei simples sobre queijo colonial, sabe há quanto tempo está aqui? Desde 2015. Meu amigo isso rolou, rolou. O cara senta em cima porque não tem interesse, o outro também, cada um faz um pouco, quer dizer, tu jogas para não fazer”, lamenta.

Período de reaprendizado

“Há muita ferramenta disponível, mas sem compromisso de entrega”, atesta Alceu Moreira, acrescentando:  “acho que esse período que nós estamos vivendo agora é um período de reaprendizado, estamos reaprendendo”.  Ele conta: “eu que estou lá na Frente Parlamentar da Agricultura, muitas vezes faço liderança quase que com mão de ferro para poder fazer a entrega. Mas isso gera para os nossos companheiros, por incrível que pareça, ao invés insatisfação, eles ficam extremamente satisfeitos. Quando eles conseguem entregar as coisas eles chegam para mim e comemoram, olha nós conseguimos entregar mais uma coisa para à sociedade”.

Famílias beneficiadas

O parlamentar pergunta: “quantas mil famílias do Brasil serão beneficiadas? A França tem mais de 1.200 tipos de queijos enquanto o Brasil tem pouco mais de 20. Quantos meninos e meninas iam sair da agricultura porque não tem como sobreviver e que agora vão ter condições de acessar a internet, ver fórmulas de queijos, sabores distintos. Vão estudar isso e vão ter condições de se transformar em produtores de derivados de leite da melhor qualidade para vender em qualquer lugar do país”, afirmou.

Fonte: Blog Edgar Lisboa – Fotos: Reprodução

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