Na luta contra o tempo, paciente do DF recebe novo coração

Órgão veio de Vitória da Conquista (BA) e foi transplantado nessa terça-feira. Transporte foi feito por avião da FAB e levado ao instituto por helicóptero do Corpo de Bombeiros. Distrito Federal registra 20 transplantes de coração em 2019

Distrito Federal realiza vigésimo transplante de coração do ano. Órgão veio de Vitória da Conquista, na Bahia. Foto: Mariana Raphael/SES-DF

Quatro horas. Este é o tempo máximo que um coração sobrevive fora do peito do doador até ser transplantado em outra pessoa. É um dos órgãos com menor durabilidade e, por isso, correr contra o relógio faz parte da rotina que poderá dar novo fôlego de vida a quem está à espera de um transplante.

Nessa corrida contra o tempo, a parceria entre os órgãos é fundamental. Tanto que permitiu a uma paciente de 58 anos, internada no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), receber, na tarde dessa terça-feira (23), um coração doado em Vitória da Conquista, na Bahia. O transporte foi feito por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e levado ao instituto pelo helicóptero do Corpo de Bombeiros. O trajeto durou cerca de duas horas e meia.

A vinda do órgão para o DF foi mediada pela Central Nacional de Transplantes. “Quando há doação e o estado não tem condições de fazer o transplante, seja porque não tem receptor, seja por não ter logística viável, a central faz um ranking para verificar qual localidade teria melhores condições de receber”, explica a diretora substituta da Central Estadual de Transplantes, Joseane Gomes Fernandes Vasconcellos.

A escolha do DF ocorreu porque a paciente estava classificada como grave e urgente. Além disso, era o local que teria condições de fazer o transporte do órgão com maior agilidade. 

Com esse transplante, realizado pelo ICDF, o Distrito Federal chega a 20 transplantes de coração somente neste ano. O número já se aproxima do quantitativo realizado durante todo o ano de 2018, quando 34 cirurgias desse órgão foram feitas.

Indicação
O transplante de coração é indicado quando as medidas clínicas e cirúrgicas para o tratamento de insuficiência cardíaca foram esgotadas e a expectativa de vida do paciente não ultrapassar dois anos.

Para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera, respeitando-se a ordem de inscrição, a compatibilidade e a gravidade de cada caso. A lista é única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais.

Se existe um doador elegível (com morte encefálica confirmada), após a autorização da família para que ocorra a retirada dos órgãos, a Central de Transplantes emite a lista dos potenciais receptores e informa às equipes de transplante que os atende.

Samu
No DF, são realizados transplantes de coração, fígado, rins e córneas de doadores falecidos. Aqui, também são feitos transplantes de medula óssea, que seguem outro protocolo para a doação: pode ser realizado com células do próprio paciente, de doador aparentado ou de doador anônimo, cadastrado no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Além da parceria com a FAB e o Corpo de Bombeiros, a Secretaria de Saúde conta com o apoio de um carro do Samu, que agiliza os atendimentos relacionados a transplantes. Neste ano, já foram 340 ocorrências geradas para transporte terrestre.

“Esses transportes são para todo tipo de apoio logístico para a doação: avaliação do potencial doador pela equipe, levar ou buscar órgão no aeroporto ou em hospital, levar equipe para a retirada de órgãos ou para a retirada de globo ocular (córnea), transporte de material biológico necessário à triagem dos receptores ou para avaliação dos doadores”, elenca Joseane Gomes.

Doação
A legislação, no Brasil, determina, desde 2001, que a doação seja autorizada pela família do paciente. Então, é fundamental que a pessoa informe aos familiares sobre o seu interesse em ser um doador de órgãos.

“O familiar pode informar aos profissionais de saúde do local de internação do paciente sobre o interesse em doar os órgãos. A equipe da unidade aciona a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante para entrevistar a família, orientar sobre todos os procedimentos e colher a assinatura de autorização”, explica.

Em 2018, foram registrados 53 doadores de órgãos e 251 apenas de córnea. Foram realizados 302 transplantes de córnea, 55 de rim de doador falecido, dez transplantes de rim de doador vivo, 86 de fígado e 34 transplantes de coração.

*Com informações da Secretaria de Saúde

Fonte: Agência Brasília – Foto: Mariana Raphael/SES-DF

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