Não existe alinhamento automático com partidos, diz Bolsonaro
Após passar a tarde reunido com as bancadas do MDB e do PRB, em Brasília, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que teve uma “conversa proveitosa” e que o apoio das legendas virá a partir da identidade em torno de propostas, sem “alinhamento automático”.
“Não existe um alinhamento automático de nenhum partido, não é isso que nós buscamos. Nós buscamos é o entendimento. É o que eu tenho dito pra eles, eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é essa que foi usada até o momento, distribuir ministérios e bancos para partidos políticos. Essa fórmula não deu certo”, afirmou.
Bolsonaro disse que colocará os ministérios à disposição dos parlamentares para o atendimento de demandas.
“Nós temos falado aqui, nessas duas reuniões, que os ministérios estão abertos aos parlamentares. Nenhum pedido deles, que não seja legal e possível de ser atendido, deixará de ser atendido”, disse.
O presidente eleito também defendeu uma rápida liberação de emendas parlamentares e garantiu que não fará “jogo de empurra” para prejudicar os deputados.
Bolsonaro também prometeu realizar reuniões prévias com integrantes do Legislativo antes de propor qualquer projeto de lei ou proposta ao Congresso Nacional. Segundo ele, isso seria uma inovação na relação entre governo e Parlamento.
“Nós vamos inovar, antes de mandar qualquer projeto para a Câmara, nós vamos ouvir, no Planalto, as lideranças, vamos debater com o quadro técnico deles para, quando a proposta for para a Câmara já estar bastante debatida”, afirmou.
“Bicho de sete cabeças”
Ao visitar o Senado na tarde de hoje, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, destacou que o futuro governo estará aberto a dialogar com todos os partidos de forma republicana e que não existe nenhum “bicho de sete cabeças” que vai assumir o comando do país a partir de 1º de janeiro.
Ele defendeu que senadores e deputados não criem “armadilhas” antes da posse presidencial, aprovando as chamadas pautas-bomba, que elevam as despesas do governo. Flávio Bolsonaro voltou a dizer que não pretende ocupar a liderança do governo. “Acho que é uma função que tem que ser exercida por alguém que conhece melhor a Casa. Estou chegando agora. Mas certamente por ser um senador e ter acesso ao presidente e ministros vou estar junto com esse líder do governo que for escolhido num consenso, para levar demandas dos senadores a quem possa resolvê-las”, afirmou.
De acordo com o parlamentar eleito, que hoje é deputado estadual pelo Rio de Janeiro, a intenção das visitas que tem feito ao Congresso Nacional é conversar com os senadores. “Estou vindo me apresentar, independentemente do partido, mostrar que não tem nenhum bicho de sete cabeças, que o governo só quer acertar. O presidente [Bolsonaro] não vai interferir em escolhas de presidentes de Senado e da Câmara”, lembrou.
Ele voltou a manifestar ser contrário quanto à possibilidade de o senador Renan Calheiros (MDB-AL) ser eleito presidente da Casa. Segundo Flávio Bolsonaro, os parlamentares aliados ao governo querem encontrar alguém que “represente o que os eleitores disseram este ano” nas urnas.
Quanto à aprovação de medidas que provoquem impacto financeiro no caixa da União, o filho do presidente eleito afirmou que os demais senadores têm “plena consciência” do que é razoável ou não fazer. “Criar despesas bilionárias, eu tenho certeza que qualquer cidadão comum sabe que não é o caso fazer neste momento, e nem criar aqui arapucas e armadilhas com o único intuito de criar alguma resistência que possa sugerir no próximo governo uma negociação não republicana. Não é nossa forma de fazer política, não será desse jeito”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil – EBC
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil