Não existe um planeta “B”
Por Ricardo Ribeiro Alves (*)
Os avanços na área de Astronomia permitiram à ciência explorar diversos cantos da Via-Láctea e até mesmo fora dela, principalmente por meio de telescópios espaciais como o Hubble e o James Webb. Mas, se esses instrumentos permitiram observar galáxias, processos de formação de estrelas e planetas distantes, ao mesmo tempo, deixaram evidente a dificuldade inicial de se colonizar qualquer um desses corpos celestes.
Alguns empecilhos são a grande distância deles, bem como a composição de sua atmosfera. Embora as observações e os estudos apontem para a esperança de um dia encontrar um planeta com condições de habitabilidade humana semelhantes à da Terra, no momento não existe um planeta “B”, não temos um lugar alternativo para viver como humanidade.
O “planeta azul”, morada dos seres humanos, animais e plantas ainda é o único disponível para a vida da forma como se conhece. Por isso, mais do que nunca, é necessário cuidar dele como a única forma de garantir a sobrevivência dos seres vivos. E, adicionalmente, exemplo da Fábula de Esopo da “galinha dos ovos de ouro”, é também a única maneira de se obter os recursos e riquezas necessárias para a evolução da sociedade humana.
Na década de 1980, o banimento da produção e uso dos gases CFC foi discutido arduamente e tornou-se realidade com o Protocolo de Montreal. Estudiosos do mundo todo se empenharam em busca de uma saída e encontraram alternativas de menor impacto ambiental. Esta é apenas uma das provas de que é possível mudar a rota da história quando a humanidade se une por um objetivo comum.
Infelizmente, os problemas relacionados às questões ambientais se intensificaram nas últimas décadas e fizeram emergir, também, problemas sociais. Dessa vez, porém, o esforço coletivo para mudar essa situação é quase imperceptível. Estes dilemas do mundo moderno são, muitas vezes, jogados para debaixo do tapete, como se tivéssemos tempo para lidar com eles em algum momento do futuro.
Cobrar das empresas, pequenas ou grandes, um compromisso realmente efetivo com as questões ambientais e sociais, por meio de políticas bem definidas de ESG, sigla em inglês que representa a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, é um dos movimentos que precisamos reforçar.
Ao mesmo tempo, também devemos reavaliar nossas próprias atitudes e encontrar meios para contribuir com mudanças positivas no mundo. Lembre-se: se o único planeta que temos para existir é esse, por que não cuidar mais dele e das pessoas que vivem aqui?
(*) Ricardo Ribeiro Alves é Administrador, Doutor em Ciência Florestal e autor do livro “ESG: O presente e o futuro das empresas” (Editora Vozes)