“Não pensei só em mim. Pensei no DF e no Brasil”, disse Izalci Lucas

 

Acordos dão dois palanques para Alckmin, em Brasília

O deputado Izalci Lucas, presidente Regional do PSDB, que deixou de concorrer ao Governo do Distrito Federal deu, nesta quarta-feira (1), sua primeira entrevista, após a decisão de abrir mão de um sonho que vinha sendo trabalhado já há bastante tempo. Em sua residência no Lago Sul, na tarde desta quinta-feira (2) começou a entrevista citando Cervantes: “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade”, uma frase seguidamente utilizada também por Franco Montoro.

O parlamentar e ex-candidato tucano ao Palácio do Buriti, afirmou que durante esses anos todos se preparou para governar. “Não tenho dúvidas hoje, que a gente teria condições de resolver grande parte dos problemas do Distrito Federal. Me preparei, fiz o dever de casa, aprovei tudo o que era necessário aprovar no Congresso para poder executar. Mas não basta ter o projeto, você tem que ganhar a eleição”, frisou.

Preocupação com a cidade

“Dando continuidade à conversas já acordadas com os partidos, começamos a fazer as alianças”, assinalou o tucano. Lembrou que o PSDB sempre soube que “eu queria ser candidato ao Governo, sempre me conduzi desta forma. Fizemos as primeiras alianças com o PST, com o PPS, e fomos agregando outros partidos; e nesse praticamente, um ano e meio, eu nunca dei margens a eles para dizer que eu iria concorrer a outro cargo. E nenhum deles também me disse. No caso específico do presidente do PSB, o Rosso (Rogerio Rosso), nunca ele disse que seria candidato ao Governo”. Continua sua narrativa, o deputado: “ lançaram minha candidatura, imediatamente, pedi que encaminhassem para meus coordenadores o Plano de Governo, para análise, mas ninguém enviou. Então, comecei a ficar um pouco preocupado porque eu não via no grupo e nos outros, preocupação com isso, muito menos, uma preocupação com a cidade”.

Na avaliação de Izalci Lucas, “ a única preocupação, nesse tempo todo, era como se eleger, como fazer o cálculo matemático para eleger um, dois candidatos, na questão federal. Para minha surpresa, depois de tudo isso, para viabilizar a matemática eleitoral eles tiveram que fazer um remanejamento para o Rosso ir para Governo e com isso, liberar a vaga do Senado, para atrair mais um partido, que é o Solidariedade que só viria se cumprida essa exigência.”

Surpreendido pelos parceiros

Depois de tanta conversa, dos ajustes sendo feitos,” fui surpreendido”,desabafa Izalci. Frisou que “ é evidente que a gente tem consciência da importância do plano nacional. É óbvio que, para qualquer partido que tenha candidato à Presidência da República, esse é o projeto principal. E muitos deles sacrificam qualquer coisa para obter esse objetivo. Em nenhum momento eu tinha procurado o pessoal desses partidos, do Centrão, porque no início, o Centrão estava em dúvida se apoiaria Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro ou Ciro Gomes.”

Caminho aberto para negociações

“No momento que eu participou do evento do Centrão, apoiando o Alckmin”,segundo Izalci Lucas, “ aí sim, abri caminho para conversar com eles. Evidente que eu fui conversar na candidatura também ao governo . Mas em função de todas essas questões, a gente acabou na situação atual. A nossa pesquisa atual não era tão boa como se pudesse ter sido, a candidatura  tivesse sido lançada, enfatiza o ex-candidato ao GDF. E conclui:

“por ter entrado um grupo novo, a gente teve que ceder a candidatura ao governo para optar pela candidatura ao Senado.”

Articulação Premeditada

Para o deputado Izalci Lucas, agora, candidato ao Senado, “o PSD e o PPS, do Cristovam (Cristovam Buarque ) e do Rosso, eles contavam 100% que o PSDB estaria com eles, com a minha participação ou não.”Na opinião do deputado, “essa articulação já era premeditada. Esse plano, hoje, principalmente do Rosso, a gente percebe que lá atrás ele já pensava nisso. E aí conversei com a turma, conversei juntamente com o Alberto Fraga, inclusive com o Jofran Frejat que desistiu da candidatura, e ele demonstrou a possibilidade de nos apoiar tanto o Fraga para Governo quanto eu para o Senado.”

PSD Nacional soube pelos jornais

Izalci Lucas disse que foi anunciada a aliança e o PSD Nacional acabou tomando conhecimento pelos jornais pois “foi da noite para o dia”. O parlamentar revela que Geraldo Alckmin, o procurou e disse que “nosso compromisso é que você sempre disse que seria candidato ao governo. Eu disse, e essa é minha vontade, mas infelizmente o grupo que nós estávamos não deu certo. E hoje, não tem, a mínima condição, porque a fórmula como foi conduzido é uma fórmula muito incompatível do que eu penso. Eu sou muito transparente, tudo o que eu falo eu cumpro, tudo o que a gente combina faz de uma forma muito transparente.”

Constrangimentos

Com ar de lamento,  Izalci  conta que “ o que aconteceu é que houve muitos momentos, até constrangimento, na frente do presidente  Geraldo Alckmin (PSDB),  quando fizeram um apelo a ele para que ele me convencesse a apoiá-los. Isso não é assim. Convencimento não é assim. Queriam convencer o Alckmin impor o meu apoio para ser vice ou outro cargo e aí, não aceitei. Eu disse, então se o meu compromisso era para ir para o Governo, meu deseja era ir, inclusive, até só ou com um ou dois partidos menores. Mas também sabendo que, sem estrutura, só com um partido, ou outro menos, a chance era muito pequena, em função das composições.”

Palanques para o Tucano

Segundo Izalci, tendo e vista que esse grupo manifestou a intenção de apoiar o Alckmin, as condições que nós impusemos foi essa: só dá para conversar, se o palanque for do Alckmin.”

Inclusive, revelou Izalci Lucas,  “uma das coisas que o Alckmin falou comigo foi:  “como você vai fechar com o Fraga, se o Fraga apoia o Bolsonaro? Disse  a ele que não. Até a semana passada, não só ele, como todos os partidos do Centrão estavam na dúvida se apoiariam o Ciro, o Bolsonaro ou Alckmin. Mas com o apoio do centrão à tua candidatura, o Fraga abriu o coração e vai apoiar você, todos vão apoiar o PSDB Nacional, e o Alckmin. Essa conquista é um reforço grande no projeto nacional do PSDB. Eu sabia da importância do projeto, para o Alckmin em Brasília, assinalou.

Dois palanques

Com isso, o Geraldo Alckmin vai acabar tendo dois palanques em Brasília, “a gente conseguiu que rodos esses partidos colocassem o Alckmin como candidato do grupo.”

Situação Hoje

O Centrão, na reunião de quarta-feira(01), colocou a possibilidade de apoiar o Fraga (DEM) para o governo do DF e o PSDB para o Senado. Foi acertado isso. “Hoje, então, explica Izalci, “sou candidato ao Senado com apoio do Democratas, PSDB, PR, PP e estamos tentando ainda compor com outros partidos. O Democratas Cristão já está com a gente. A composição ficou: Fraga Governo; Izalci. Senador e agora, estamos vendo para vice. O vice proposto seria a Ana Cristina kubichek, representando o PP e estamos vendo, agora, que partido a gente convence para vir para outro cenário. Estamos conversando com o Avante, com MDB, e vários outros partidos para ampliar essa frente.”

Traição dos Partidos

O que houve, evidentemente, para mim foi surpresa, disse Izalci. “ Eu não faria o que fizeram. Não sei se posso chamar de traição, até porque o que houve foi falta de transparência. Fiquei um ano e meio dizendo que eu era candidato e eles dizendo o contrário que não era candidato e no último momento houve essa inversão. Outros partidos disseram que o Rosso agregava mais. Não é que ele agregava mais, o que houve foi que pare abrir a vaga do Senado, para colocar o Fernando Marques, que é da União Química, que pode ajudar na campanha que tinha compromisso com o Rosso e ele veio para ocupar a vaga do Senado que seria ocupada pelo Rosso. Ele teve que abrir vaga para o Fernando. E ainda ofereceu o mandato dele para o Podemos. Não houve uma transparência em relação a isso.”

Agora, Rogerio Rosso é candidato ao Governo  do DF,”na chapa deles”.O Jofran Frejat, que saiu da disputa, não é candidato mas promete apoio à chapa de Fraga com Izalci.

Mudanças no últimos minutos

Pode haver alguma mudança ainda até a data limite, 15 de agosto. Na opinião de Izalci, pode haver alguma mudança de partido, de conveniência matemática, para poder eleger federal. Hoje, a grande maioria dos partidos, tem interesse em eleger deputados federais, porque é quem determina o tempo de televisão, determina o fundo partidário, determina a questão da ocupação no Parlamento em termo de liderança, de espaço político.

Chances para chegar o 2º turno

“O Fraga, como candidato ao Governo, já foi candidato ao Senado, já teve mais de 500 mil votos, na última eleição, ele foi o mais votado, teve 154 mil votos, agregando a isso fortalece muito mais. E com esse número de chapas, hoje, quem chegar a 15 ou 20% vai para o segundo turno. Então, a chance é muito alta de chegar ao segundo turno e ganhar o governo. Acho que o Fraga tem todas as chances de ir para o segundo turno, tem mais possibilidades. O Rosso, por exemplo, teve uma votação boa ;mais foi governador, não foi um bom governo e as pessoas vão lembrar desse período. O símbolo era a Esplanada. O mato de dois metros de altura, na Esplanada dos Ministérios”, criticou o tucano.

Com os acordos e a retirada da candidatura, o presidente Regional do PSDB, quer viabilizar uma presença maior do candidato tucano ao Palácio do Planalto, em Brasília. O objetivo, acentua Izalci “ é fortalecer o projeto maior do Partido em Distrito Federal e dar um suporte significativo nos palanques ,na Capital da República. Sobre o acordo entre PSB e PT para isolar Ciro Gomes, e a manifestação do governador Rodrigo Rollemberg (DF) de que quer apoiar Ciro Gomes, Izalci Lucas disse que “o governador está fragilizado e que mal conseguiu formalizar alianças com partidos para viabilizar a candidatura dele. Ele tem o partido dele, o PSB, a vice, do PV e coligação com a Rede.” O PDT,segundo o parlamentar, “dificilmente irá apoiá-lo. O governador pode apoiar o Ciro, pode apoiar quem quer que seja, mas hoje não se impõe mais uma candidatura. Então, os deputados distritais dificilmente, quase impossível, que eles apoiem o governador”, criticou.

O Geraldo Alckmin que estava abaixo nas pesquisas terá os dois maiores palanques em Brasília. Do Centrão, que “é onde nós estamos hoje e, em princípio, do PSD. No final, o Geraldo Alckmin acabou beneficiado pois terá uma frente muito ampla de apoio aqui no Distrito Federal.”

Na opinião de Izalci Lucas, Geraldo Alckmin vai para o segundo turno. Ciro Gomes que tinha boa perspectiva, com a negativa do PSB, acabou comprometendo um pouco a candidatura dele. Tem que ver quem serão os candidatos do PT, “mas tenho certeza que o Alckmin estar no segundo turno e vai ganhar a eleição.”

Na avaliação do tucano, “por enquanto, as pessoas estão mais na posição da raiva, da indignação, mas vai chegando próximo da eleição, as pessoas vão caindo no real,e veem que não é com radicalismo de direita ou de esquerda que vão mudar o Brasil. Com isso, vão votar na pessoa mais preparada que é o Alckmin.”

Candidato do MDB

“Me lembra Ulysses Guimaraes que era o grande líder do PMDB, um grande líder nacional que teve uma votação pífia. Por quê? Porque ele fez exatamente o que eu não quis fazer. Não dá para você ir só. Sozinho você não vai a lugar nenhum, na política. O que está acontecendo com o MDB, é que ele deveria ter refletido um pouquinho mais e abrir mão, como eu fiz, para poder viabilizar, afirmou a respeito da candidatura de Henrique Meirelles.”

Novas coligações

No Distrito Federal, “nós ainda estamos conversando com o MDB, eles têm a candidatura lançada, do Ibaneis Rocha e nós estamos conversando para trazê-lo para o nosso grupo”.

Fortalecer candidatura à Presidência

O presidente Regional do PSDB, considera que “o importante é passar para a população que não foi uma simples desistência.” Foram as circunstâncias que “nos levaram a tomar a decisão de abrir  mão do regional, pensando no projeto maior do PSDB, que é fortalecer a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República”.

 

Fonte: blogedgarlisboa

Foto: Arquivo/Câmara dos Deputados

 

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