O Agronegócio na era pós-industrial

 

A Confederação Nacional da Indústria está empenhada em desenvolver a infraestrutura de banda larga na área rural, para ter conectividade em condições de absorver as novas maquinarias e equipamentos de gestão que devem entrar no mercado brevemente, diz o gerente executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves.

Num debate recente sobre a evolução da chamada economia 4.0 (quarta onda), segundo Gonçalves, “teve gente falando em era pós-industrial, mas o pessoal sugeriu que era o contrário disso: estamos caminhando para uma era hiperindustrial, porque todas as atividades estão cada vez mais assumindo característica de indústria. O Agronegócio está indo exatamente nessa direção”, diz.

Afirma Gonçalves que “com as novas técnicas de gestão que chegam ao campo, a produção mecanizada fica cada vez mais próxima da indústria”. E detalha: “com a agricultura de precisão (tem gente chamando de agricultura 4.0) o nível de automação é cada vez mais semelhante ao que se tem na indústria. A gente tem visto até startups (um modelo que antigamente era de pequenos empreendimentos para criar aplicativos de celular) que hoje estão desenvolvendo tecnologia de software e aplicações customizadas para indústria e para agricultura”, diz.

O economista da CNI detalha: “Neste campo já há algumas empresas fazendo tratamento de dados. O técnico pega as informações de satélite e consegue projetar quanto vai ser a produção e como gerir o plantio. Por exemplo: um dos maiores custos da agricultura são de fertilizantes e defensivos. Com tecnologia de precisão o desperdício é muito menor; a indústria está caminhando para a máquina autônoma, em que o próprio equipamento consegue medir a humidade do solo e com esse dado “decidir” que se esperar meia hora o plantio vai render mais; o sistema controla a velocidade. Com esse comando automático a máquina não passa duas vezes no mesmo lugar e não deixa pedaços da lavoura de fora”, ele exemplifica.

Como resultado, com os novos equipamentos, “o agricultor acaba economizando nesses insumos e tem um impacto positivo imediato no meio-ambiente. O desperdício pesa nos dois lados: no bolso do produtor e no meio-ambiente”.

Esta nova realidade é para breve e já está a caminho, segundo Gonçalves” “Está todo o mundo investindo nisso. A gente fez em São Paulo um evento organizado pelo Ministério do Planejamento, junto com o BID e a Apex, denominado “Fórum de Desenvolvimento Brasil”.

Ele participou de um painel coordenado pelo Diretor de Desenvolvimento da CNI,Carlos Abijaodi sobre o Papel da Indústria 4.0 na Competitividade do Agronegócio. Estavam lá fabricantes de máquinas agrícolas (muitas delas com fábricas no Sul) produtores de insumos, sementes, fertilizantes e uma empresa especializada na coleta e tratamento de dados. Todos estão investindo muito nisso. Estão desenvolvimento máquinas que já vêm com sensor e com conexão à internet. Esses equipamentos estão programados para funcionar em agricultura de precisão. O pessoal de defensivos e fertilizantes também está começando a trabalhar com esses conceitos de Big Date, para fornecer à distância  serviços de apoio ao agricultor no momento de plantar”, diz. Daí a importância da conectividade pela internet de banda larga nas lavouras.

Essa quarta onda, diz Gonçalves, vai atrair grandes investimentos em todos os segmentos do agronegócio, incluindo a indústria de equipamentos e de serviços, como informática voltada para as demandas do campo, por exemplo.  Diz ele referindo-se ao tema: “Tem muitos investimentos nesta área. É um negócio promissor. Obviamente isto terá um impacto sobre o agronegócio que acaba sendo um estímulo para o investimento industrial, o que é muito importante para o Brasil. Foi isto que a gente explorou no seminário’, conclui.

 

Fonte: Blog Edgar Lisboa / Agência Digital News

Foto: Miguel Ângelo/CNI

 

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