O Estado é o melhor propagandista do liberalismo

Por Percival Puggina (*)

Você já reparou? As mesmas pessoas e instituições de estado, os mesmos meios de comunicação, os mesmos que atacam com ferocidade as ditas fake news, botam uma pedra em cima de toda opinião, informação ou fato que os desagrade ou contradiga. E se têm poder, censuram, ou impõem sigilo e vão atrás de quem o penetre.

Existem condutas tão frequentes que, tornando-se corriqueiras, passam despercebidas em meio às tragédias nossas de cada dia.

Na semana que passou, li na Gazeta do Povo importantíssimo artigo do deputado Deltan Dallagnol sobre os méritos e a consequente tempestade que desabou sobre o juiz Marcelo Bretas. Assisti a sucessivos relatos sobre a desgraceira em que vivem centenas de bons e honrados brasileiros presos no arrastão judicial de 9 de janeiro. Vi provas robustas, em vídeo, das notáveis contradições e absurdos afirmados por Lula. Nada disso tem espaço no militante jornalismo nacional.

Dei-me conta, então: a outrora conhecida “Era da informação” colocou nas mãos da sociedade uma arma tão poderosa que passou a enfrentar antagonismo idêntico ao que se opõe à posse de armas pelos cidadãos.  As razões são essencialmente análogas e os agentes, os mesmos.

O Estado só consegue impor sua supremacia à sociedade e só pode inverter a soberania constitucionalmente definida se e quando controla o que a sociedade é autorizada a ficar sabendo. Se as novas mídias ameaçam a estabilidade do poder instalado, a necessidade de seu controle vira instrução normativa do partido que se pretende tornar hegemônico.

Meus leitores, que são pessoas esclarecidas, graças a Deus, devem estar querendo argumentar: “Mas as pessoas não apenas ‘se informam’. Há nelas, também, um conhecimento que procede da própria formação”. É verdade, e por esse motivo todo o sistema de formação (educação e cultura) do país está tomado pela hegemonia esquerdista, algo que se materializa pela censura, cancelamento e bullying da divergência e dos divergentes.

É por isso que o jornalismo brasileiro, de modo amplamente majoritário, silencia sobre o que não lhe convém. Bate o bumbo das narrativas. Toca a corneta das fake analysis. É por isso, também, que tanto insisto na necessidade de que conservadores e liberais, amantes, todos, da liberdade e da democracia, promovam a vacinação em massa da sociedade contra a pandemia totalitária que se avoluma no Ocidente.

Os elementos estão dados, os efeitos são conhecidos, os mecanismos com que se vai concretizando são de nosso convívio diário. Contam com apoio das mesmas plataformas que foram saudadas como a “democratização do poder de opinião” e assim funcionou até que esse poder ameaçou, primeiro nos EUA e, depois, no Brasil, o projeto maior de poder ao qual elas mesmas se integram.

O Brasil não precisa de uma guerra para se destruir. O Estado faz isso sozinho.

(*) Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

*Artigo de responsabilidade do autor.

Fonte: Site puggina.org, gentilmente disponibilizou este artigo para o Brasília In Foco News

Foto: Reprodução

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