O GRANDE IRMÃO NOS VIGIA
Miguel Lucena*
O Grande Irmão, ou Big Brother, do romance 1984, de George Orwell, que a tudo observa e controla, está em plena atividade nas instâncias de poder do mundo e avança cada vez mais com a força das concepções e ideologias que só entendem a vida sob controle do Estado.
Foi aprovado, no último dia 7, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o Projeto de Lei 347/2016, da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que proíbe a inserção de pessoas em “redes ou mídias sociais, bem como em seus respectivos grupos, páginas, comunidades e similares” sem consentimento.
O projeto vem na esteira de uma série de ações legislativas que visam aprisionar todo o comportamento social em normas legais ditadas pelo movimento politicamente correto, pelo qual as pessoas devem se policiar 24 horas para não dizer nada fora do determinado pelos guardiões da fé do povo, sob pena de ir para a fogueira da inquisição ideológica.
Há iniciativas para punir tudo o que não se enquadra nesse tipo de visão de mundo e para cada conduta existe uma definição negativa: machismo, racismo, homofobia, misoginia e assim por diante.
Cria-se uma nova língua para definir velhas coisas, assim como se rebatizam viadutos e pontes com nomes de pessoas da mesma linha de pensamento, ignorando-se as circunstâncias em que as obras foram construídas e quem se esforçou para erguê-las.
Diaboliza-se a figura masculina, atribuindo ao homem todas as mazelas das relações familiares, como se o comportamento feminino desbragado não tivesse nenhuma influência nas escolhas erradas de homens que assustariam qualquer pessoa normal que com eles cruzassem numa calçada, drogados e vagabundos que nunca deram um prego numa barra de sabão e mesmo assim são escolhidos para fazer os filhos que ficarão abandonados depois.
É um movimento cultural criado para colocar a maioria contra a parede, apontando-lhe o dedo em riste e dizendo para que fique calada ou sofrerá o escárnio da minoria ruidosa, encastelada nas universidades e meios de comunicação.
“Trocar de sexo é lindo, casar cinco pessoas é lindo, produzir filhos independente é lindo, levar qualquer desconhecido para dentro de casa é lindo, amor livre é lindo, afrouxar todas as regras é lindo”, apregoam, para depois dividir as responsabilidades com a sociedade em geral, como se as escolhas individuais fossem culpa de todos.
Enquanto afrouxam as regras dos comportamentos desviantes, apertam o cerco às demais atividades sociais, como um vigilante do peso obrigando todos a subirem na balança todas as semanas e dando-nos bronca pela dieta malfeita.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e Colunista do Brasília In Foco News