O mundo olha a eleição no Brasil com apreensão
Neste domingo correu o mundo uma assertiva do historiador gaúcho Gunter Axt, destacado autor de história política do Brasil, publicada na coluna do best seller mundial Albert Fishlow, no jornal mais influente do mundo, o The New York Times e redistribuída e traduzida em centenas de idiomas para jornais do mundo inteiro.
Diz o catedrático das universidades de Berkeley e Columbia, no final de um texto juntando num mesmo pacote os desmandos de Donald Trump e o drama político do Brasil: “Encerro este artigo com uma citação do historiador Gunter Axt, em um artigo publicado há um mês na revista New Yorker: “O país está tomado por um sentimento terrível, de que fracassou como nação. E talvez seja verdade. Muitas pessoas têm alertado para a situação alarmante vivida pela instituição”. Esta é uma observação que serve para o Brasil e para quem vencer a eleição” conclui Fishlow na tradução de Terezinha Martino, publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
Há um sentimento generalizado no mundo de que a eleição deste ano não levará o País a um porto seguro. Havia uma expectativa de alguma novidade enquanto não se decidisse a entrada do PT no processo eleitoral. Oficializado o professor Fernando Haddad, a situação ficou mais clara, com a mobilização objetiva da militância do segundo maior partido político do País, o PT, agora com seu nome de combate.
O começo efetivo da campanha petista não trouxe nenhuma novidade para os especialistas: mal Lula abençoou o candidato, seus partidários entraram em campo, obtendo um resultado imediato muito animador, com o grande crescimento nas pesquisas. Antes Haddad aparecia nas enquetes encoberto como postulante oculto. Abertas as cortinas, entrando no palco como protagonista, seu nome estourou.
Esse crescimento gerou uma euforia desmedida nos quadros partidários. Já estão todos arrumando as malas para voltar a Brasília. Um desses quadros, funcionários de alto escalão, que pediu para não revelar seu nome porque ainda se mantém na administração, como centenas de outros remanescentes do impeachment, em cargo de chefia no atual governo do MDB, confirma o otimismo de seus correligionários.
Segundo essa fonte, ao contrário do que dizem adversários, o PT tem condições efetivas de assumir o poder, pois possui quadros capacitados ainda com suas cadeiras quentes nos ministérios e demais agências da administração. Isto é muito importante. Significa que o aparelho partidário está incólume, não teve tempo para se dispersar e também o MDB, provável aliado, não se esforçou muito para defenestrar seus aliados de 2014.
Na área política também o PT não terá dificuldades para articular uma base aliada, pois embora não se espere que alcance sequer 10 por cento do Congresso, o centrão e demais aliados dos tempos pré Dilma Rousseff estarão aí já no Segundo Turno, quando se desvencilharem das alianças com o PSDB e outras candidaturas do campo conservador.
O centrão não pode marchar de braços dados com o PT no período eleitoral do primeiro turno, pois seu eleitorado conservador rejeitaria esse arranjo. No entanto, passado o pleito, esses conservadores dispersam-se a os quadros políticos podem se recompor com os antigos adversários. Presidencialismo de coalizão.
Também a governabilidade não será problema, diz a fonte. Importante será vencer a rejeição à corrupção que está à flor da pele do eleitorado dos atuais adversários. Embora hábil, Haddad terá ainda que atravessar um rio eivado de crocodilos, que são os debates nas televisões abertas, em que, como se viu no Jornal Nacional, todo o fogo inimigo baixará sobre as acusações de corrupção no PT.
E como dizem as pesquisas, corrupção é uma das maiores rejeições no eleitorado flutuante. Frente a frente com as cobras criadas como Ciro, Alckmin, Álvaro e Marina, o ex-prefeito de São Paulo terá dificuldades para se esquivar com sua mídia training atual, saindo pela tangente. E que acontecerá quando invocando ser ficha limpa tiver que admitir há fichas sujas no seu lado? O acadêmico paulista terá que driblar mais que Garrincha.
Fonte: Blog Edgar Lisboa
Foto: Reprodução