O papel da escola durante o desfralde da criança
Por Sara Azevedo (*)
O papel da escola, sem dúvida, é atuar na área da aprendizagem. E essa atuação não se limita à alfabetização ou ao ensino de disciplinas nas mais diversas áreas do conhecimento. A escola tem a responsabilidade de formar cidadãos para a vida e essa formação passa por diferentes etapas, muitas vezes é acompanhada desde a primeira infância, no período de desfralde.
O Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) mostra que, em 2017, o número de alunos no ensino básico cresceu, passou de 8,2 milhões para 8,5 milhões. O fenômeno é relacionado a uma emenda constitucional aprovada em 2009, tornando obrigatória a matrícula de crianças de 4 e 5 anos na educação infantil, e ao aumento da oferta de escolas, que na categoria creche cresceu 19,4%.
No Ensino Fundamental, a porcentagem de alunos matriculados na modalidade integral também subiu 13,9%, em 2017, em relação a 2016, que registrou um percentual de 9,1%. E o MEC tem como meta chegar a 13% em 2018. Esses números só mostram a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento de uma criança, confirmando o que diversas pesquisas já comprovaram.
Nesse processo, o papel da escola se acentua cada vez mais, pois é nos espaços coletivos que as crianças pequenas se identificam umas com as outras e colecionam descobertas. A aprendizagem por imitação é bem comum nessa fase da vida. E quando a questão é ensinar a fazer as necessidades fisiológicas sem precisar de fraldas, esse aprendizado coletivo contribui para a criança se sentir mais confiante e abandonar o acessório com mais segurança.
Durante o desfralde, ter um olhar atento para as particularidades de cada criança é um trabalho desafiador para o educador, no entanto, quando há uma parceria consolidada com a família, a tarefa fica mais fácil e o desenvolvimento integral da criança, certamente, estará garantido. Por isso, é importante que os pais comuniquem à escola a necessidade de realizar o desfralde e analisar em conjunto a melhor forma de lidar com a criança durante o processo.
Segundo o pediatra americano T. Berry Brazelton, estudioso sobre o desenvolvimento infantil, é importante que a escola considere alguns pontos no período do desfralde: aceitar cada criança como ela é, ter um banheiro adaptado às necessidades das crianças, ter um adulto que não sofre a pressão de precisar desfraldar a criança acompanhando-a no banheiro, garantir à criança que não desfraldou ou que teve retrocessos a tranquilidade de estar no grupo sem ser ridicularizada pelos adultos ou demais crianças, evitar em sala de aula comparações sobre os processos de desfralde das crianças e favorecer à criança situações e atividades em que ela possa estar no controle.
Todas essas ações são fundamentais para garantir o protagonismo da criança diante de um processo tão importante como o desfralde. Ela precisa ter condições de conhecer seu próprio corpo e a escola, certamente, deve ser parceira nesse período de descobertas.
Sara Azevedo – Orientadora Pedagógica do Colégio Marista Asa Sul (Brasília-DF)
Fonte: Pg1 Comunicação – Assessoria de Imprensa
Foto: Reprodução