Obra do Túnel de Taguatinga aposta em tecnologia e técnica sustentável

Construção utiliza material biodegradável e reaproveitável, equipamentos e estratégias logísticas inovadoras para o setor em Brasília

O Governo do Distrito Federal investiu em sustentabilidade e tecnologia para executar a maior obra viária urbana em andamento no Brasil. Com 1.060 metros de extensão, sendo 830 metros cobertos, o Túnel de Taguatinga usou, durante a fase de escavação, material biodegradável e reutilizável, além de equipamentos trazidos para a capital especialmente para a construção e estratégias logísticas para facilitar a obra.

Em 2020, os engenheiros e operários usaram polímeros (macromoléculas formadas por unidades estruturais menores, os monômeros, que são moléculas de baixa massa molecular) para a escavação das paredes laterais do túnel. O secretário de Obras e Infraestrutura, Luciano Carvalho, explica: “São importantes ferramentas para estabilização do solo durante o processo de concretagem das paredes diafragma. Uma de suas qualidades é ser biodegradável, ou seja, não polui o meio ambiente”.

Obra utilizou durante fase de escavação material biodegradável e reutilizável | Foto: Secretaria de Obras

O produto também é reutilizável. Segundo Bruno Almeida, engenheiro civil responsável pela fiscalização das obras, depois do manejo para estabilizar as paredes, o polímero era sugado de volta para o tonel de armazenamento. “O produto é preparado de novo até ficar com consistência e viscosidade parecida com a da água, para ser reaproveitado em outras estabilizações”, ensina ele.

O processo de reúso é realizado no mesmo tonel em que o produto é estocado. Ao todo, foram 15 barris nesta fase da obra, sendo que cada um tinha capacidade de 30 metros cúbicos.

Equipamentos

Ainda na fase de escavação das paredes laterais, o GDF apostou em uma tecnologia diferenciada. Trata-se das diafragmadoras, ou clamshell, equipamentos de escavação que se assemelham à boca de um jacaré. Três maquinários foram trazidos de São Paulo para a construção e, para funcionar, são acoplados em guindastes.

Segundo Luciano Carvalho, a dimensão grandiosa e o ineditismo do túnel justificam o aporte. “O túnel é a maior obra viária em andamento no Brasil e, como tal, exige o uso desse tipo de maquinário. Importante salientar, no entanto, que obras como o túnel não são comuns na região do DF, diferentemente do Rio de Janeiro e São Paulo”, afirma o secretário de Obras e Infraestrutura.

Usina própria

A construção vai demandar 90 mil m³ de concreto para ficar pronta ainda neste ano, conforme previsto desde 2019. Por isso, diante a quantidade imensa de material, foi necessário a instalação de uma usina de concretagem dentro do canteiro de obra.

Em um único dia, foram utilizados 53 caminhões-betoneiras, totalizando 420 metros cúbicos de concreto | Foto: Secretaria de Obras

“A usina foi construída basicamente como solução de logística. Imagine quantos caminhões betoneira precisariam estar presentes de forma simultânea durante a concretagem de uma laje? Seria uma logística impossível”, explica Luciano Carvalho.

Em um único dia, por exemplo, foram utilizados 53 caminhões-betoneiras, totalizando 420 metros cúbicos de concreto. Todo o material foi destinado à concretagem maciça de uma laje do túnel, que tem um metro de espessura. “É uma superlaje, normalmente a espessura é de nove, dez centímetros. Nesse dia, começamos o trabalho às 19h e terminamos às 7h, ou seja, 12 horas de concretagem ininterruptas. Essa agilidade foi possível pela usina”, explica Bruno Almeida, que acrescenta que cada metro cúbico do concreto é rastreado e controlado tecnologicamente, para facilitar a resolução de possíveis falhas, como fissuras e infiltrações.

Brasília In Foco News/Agência Brasília

Foto: Secretaria de Obras

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