OPINIÃO: A história do assédio

 

Por Miguel Lucena*

Assédio e inconveniências de homem para mulher sempre existiram, principalmente em locais de aglomeração de pessoas e uso de bebida alcoólica, como boates, bares e blocos de carnaval. O que causa espécie é a histeria atual, como se uma cantada fosse crime hediondo.

Chega ao ponto de os repórteres de televisão não falarem outra coisa, dando muita ênfase ao assédio sexual. Suspeito do que esteja por trás, mas digo que os avanços partem dos dois lados nesses ambientes, nos dias atuais.

No domingo, após retornar de uma reunião no Paranoá, parei em um lavajato do Cruzeiro e fiquei em um bar, bebendo cerveja sem álcool, até que o carro fosse lavado. Uma moça bonita encostou, puxou conversa e perguntou se eu tinha coragem de sair com ela para o carnaval sem hora para voltar. Eu apenas respondi que não tinha essa coragem toda, não.

Esse tipo de campanha terrorista contra os homens parte da turma do politicamente correto, que quer regular tudo, até o jeito de sorrir para não ofender os banguelas, como disse uma amiga do Facebook.

Quantos assédios os gays fazem nos blocos e ninguém diz nada? Dizer que quer e achou o outro bonito não ofende, o que fere e invade é pegar e agredir, e para conter e punir essa conduta existe a lei. Temo que seja uma campanha de prevenção apenas contra heterossexuais inconvenientes.

Quem não quer se sujeitar a esse tipo de situação não deve frequentar determinados ambientes. Vá à missa, ao culto, ao terreiro de candomblé, ao templo budista e assim por diante.

Ir a um bloco como Os Raparigueiros, beber até cair e querer sair incólume, sem nenhuma cantada ou assédio, é viver em um mundo de ilusões.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor

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