Opositor de Putin marca protesto, mas evita sedes da Copa

 

Alexei Navalni convocou manifestações em 20 cidades russas em 1º de julho

mais famoso opositor do governo de Vladimir Putin, Alexei Navalni, enfim deu um sinal a seus seguidores e marcou um protesto em 20 cidades russas para o dia 1º de julho. Só que ele não mirou a Copa do Mundo, como muitos apostavam: o alvo da manifestação é a reforma previdenciária proposta pelo governo, e nenhum dos locais previstos para os atos é sede do Mundial.

Navalni disse em redes sociais que evitou as sedes devido às medidas de exceção em vigor para garantir a segurança dos fãs. Desde o começo do mês não são permitidas manifestações em nenhuma das 11 cidades que recebem jogos da Copa, e o policiamento em todas elas está reforçado.

A proposta de mudança previdenciária na Rússia é tema tão polêmico como no Brasil. O premiê Dmitri Medvedev enviou na semana passada um projeto para o Parlamento que prevê o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 60 para 65 anos no caso dos homens, e de 55 para 63 anos para as mulheres. Espertamente, o Kremlin diz que Putin não tem ainda opinião sobre o tema e não se envolveu com a elaboração do texto.

A polêmica vem do óbvio: a expectativa de vida na Rússia é mais baixa do que em países ocidentais. Para homens, é de 64 anos -menos do que a idade mínima proposta. Para mulheres, 76 anos. Na média, o russo vive 70 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Putin chegou a dizer, em 2015, que a mudança não seria necessária, mas seu porta-voz disse que as circunstâncias econômicas mudaram.

Navalni foi libertado da cadeia, onde cumpriu pena por 30 dias por fazer um protesto não autorizado contra a posse de Putin em seu quarto mandato no Kremlin, no dia em que a Copa começou, quinta (14) passada. Seus apoiadores, uma rede difusa coordenada por meio da internet, esperavam que ele fosse promover protestos contra a Copa, que teve 60% dos R$ 38,4 bilhões de custo bancados pelos cofres públicos.

Mas o ativista está sendo prático. Além da segurança reforçada, a Copa está sendo um aparente sucesso de público na Rússia. As ruas das maiores cidades-sede estão tomadas de turistas, há confraternização constante com os russos e a economia está sendo pontualmente aquecida -no geral, o impacto será mínimo, previsto entre 0,1% e 0,2% do PIB, mas há o “fator de bem-estar” envolvido.

Navalni foi o responsável pelos maiores atos de oposição na Rússia de Putin, ocorridos no ano passado. Seu discurso foca na corrupção estatal, e ele tentou concorrer à Presidência em março, só que foi barrado por ter uma condenação judicial que reputa como persecutória. Não que tivesse muita chance, já que patinava nos 1% de intenções de voto, enquanto Putin foi reeleito com 77% dos votos.

O presidente, por sua vez, segue popular. Pesquisa divulgada nesta terça (18) pelo Centro Levada, um instituto de opinião pública independente, mostra que 51% dos russos gostariam que Putin seguisse comandando o país depois de 2024, quando constitucionalmente acaba seu mandato e não tem direito a disputar reeleição automaticamente. Apenas 27% dos 1.600 ouvidos se disse contra a hipótese. A aprovação do presidente segue na casa dos 80%.

Com informações da Folhapress.

 

Fonte: Notícias Ao Minuto

Foto: REUTERS/Tatyana Makeyeva

 

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