Os danos ambientais do desperdício de alimentos
Por João Barossi (*)
Novo relatório sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revela que o desperdício de alimentos gera de 8% a 10% do volume total de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Se compararmos o volume associado ao problema com a dos países, ele representaria o terceiro maior emissor global, depois de China e Estados Unidos.
O estudo demonstra, portanto, que o desperdício anual de 1,3 bilhão de toneladas, quase um terço do total produzido, não afeta apenas a segurança alimentar, o que já seria suficientemente grave. Prejudica, também, o meio ambiente e agrava os fatores causadores das mudanças climáticas. Um dos dados do trabalho permite dimensionar bem a questão: 38% dos recursos energéticos consumidos pelo sistema alimentar global são utilizados para produzir alimentos perdidos ou desperdiçados. Além disso, quase 30% das terras agrícolas do Planeta são usadas para produzir alimentos que nunca serão consumidos, representando uma área semelhante à do total do continente antártico.
O estudo da FAO observa, ainda, que a prevenção da perda de alimentos pode contribuir para reduzir as emissões do setor agrícola, diminuindo a pressão sobre os recursos naturais e evitando a necessidade de converter terras e expandir a fronteira agrícola. Assim, depreende-se que todos os esforços devem ser feitos no sentido de reduzir o desperdício, desde a colheita até a mesa do consumidor final.
Um dos momentos mais sensíveis da cadeia de abastecimento no tocante ao desperdício dá-se pelo obsoletismo dos entrepostos de comercialização e distribuição dos produtos, associado à logística e transportes ineficientes. O Novo Entreposto de São Paulo (NESP), que será implantado no bairro de Perus, na Capital, corrige esses problemas, pois será um dos mais modernos do mundo, a começar pelo Sistema de Logística Integrada. Todos os boxes estarão conectados a uma central, que gerenciará a entrada e saída de produtos, de maneira ágil, prática e eficiente.
Outros avanços são referentes aos Sistemas Integrados de Identificação e a Central de Caixas (rastreabilidade, higienização, padronização). O Big Data também estará presente no NESP. Com o cruzamento dos dados, será possível encontrar diversas soluções e alternativas logísticas. Haverá, ainda, uma plataforma de e-commerce, inclusive com aplicativos, e um sistema de pregão eletrônico exclusivo para compras de órgãos públicos. No tocante à infraestrutura, o NESP intensificará o uso de energias renováveis e contará com estações próprias para tratamento de água e esgotos. Os boxes terão controle total sobre os gastos de água e luz, por meio de painéis computadorizados, que realizam medições do consumo em tempo real, podendo, inclusive, controlar o quanto se quer gastar.
Considerando a gravidade apontada pelo novo estudo da FAO quanto à ameaça ambiental representada pelo desperdício de alimentos, São Paulo está prestes a se tornar um modelo de sustentabilidade na área do abastecimento de hortifrutigranjeiros e pescados, quando entrar em operação o novo entreposto em Perus.
* João Barossi é Diretor do Novo Entreposto de São Paulo (NESP).
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Fonte: Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação – SP
Por Ágata Marcelo
Foto: Reprodução