OS LIMITES DO QUERER

 

Miguel Lucena*

O inferno são os outros, já dizia Jean-Paul Sartre. A falta de autocrítica é um grande problema do ser humano, porque, na ausência desse critério, os erros nunca são corrigidos.

Cada pessoa é um mundo e se acha o centro do universo, então tudo tem de girar em torno do que determinado indivíduo quer e pensa, seus critérios de avaliação dos semelhantes e seus interesses.

Sabendo disso, alguns mais iluminados criaram padrões para que as ações não fossem guiadas pelas idiossincrasias de cada um. Critérios estabelecidos valem para todos, como as leis, no entanto os mais rebeldes teimam em burlá-los, sempre com argumentos de que acharam o melhor caminho.

O mal-estar da civilização, a que se refere Sigmund Freud, em obra de 1929, é justamente a dificuldade que as pessoas têm de se submeter a normas e critérios gerais que obrigam a todos, porém muitos insistem no “quero e posso”.

Há pessoas que não se controlam em relação ao sexo. Não poder agarrar a mulher ou o homem mais bonito da festa, sem o consentimento dela ou dele, é um problema para essas pessoas do “quero e posso”.

A transgressão da lei é a prova de que uma parte da sociedade não se controla e rompe o contrato social.

 

*Miguel Lucena é Delegado da Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e articulista do Brasília In Foco News

 

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