Pacientes são internados em cadeiras por falta de leitos no Hran

 

Mulheres com problemas sistema digestório passaram dias e noites sentadas no hospital

Sem leitos onde pudessem se acomodar, pacientes internadas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foram colocadas, de forma improvisada, em cadeiras com sinais de ferrugem e assento danificado. Enquanto aguardavam por exames ou cirurgias, algumas delas tiveram de passar a noite sentadas, deitadas numa mesa ou mesmo em claro, pois não conseguiam dormir diante da situação desconfortável.

Três dessas mulheres internadas em cadeiras procuraram o Metrópoles para denunciar a superlotação e a falta de leitos para acomodar todos os pacientes. Com problemas em órgãos do sistema digestório, elas reclamavam de fortes dores. Entre elas, havia uma lactante e uma obesa, que está com o quadro de saúde se agravando em virtude do excesso de peso.

Internada no Hran desde 2 de junho, a dona de casa Rosângela Duarte, 40 anos, sofre com problemas relacionados à obesidade. Quando deu entrada no hospital, Rosângela conseguiu uma cama, mas pediu um dia de alta para visitar a família e, assim que voltou, o leito já havia sido ocupado e ela teve de esperar por dois dias para conseguir uma cama novamente.

“Eu sou obesa, não tenho condições de ficar desse jeito. Já estou com o pé inchado e dor nas costas. Preciso retirar a vesícula e não posso ficar assim”, enfatiza.

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Imagem cedida ao MetrópolesRosângela Duarte passou duas noites dormindo em uma cadeira no Hran

Haiane Silva, 19 anos, ficou acomodada em uma cadeira entre segunda (11) e quinta-feira (14). Com uma filha de dois meses aos cuidados da mãe, a jovem sofre com dores abdominais causadas por uma pancreatite e gastrite, e aguarda por uma cirurgia.

Desde que deu entrada no Hran, Haiane não conseguiu mais amamentar a filha e espera por uma solução o mais rápido possível, para que possa voltar para casa e cuidar da pequena.

“Eu ia operar de segunda para terça, mas o médico pediu para eu esperar. Estou sentindo dor há um mês e, na semana passada, me deram morfina para eu conseguir dormir. Tudo o que eu tenho ouvido aqui é que eu preciso esperar”, conta.

Com uma ordem judicial determinando a realização de uma cirurgia, Maria Irene Braga Bertoldo está com uma prótese na vesícula há mais de um ano, mas informações do próprio fabricante do material dizem que a troca deve ser feita a cada três meses. Enquanto espera sentada a solução de um problema de saúde descoberto em 2016, Maria Irene ainda aguarda a realização dos exames pré-operatórios.

Na decisão, o juiz determinou ao GDF a apresentação, em 48 horas, de três orçamentos para o procedimento, para fins de sequestro de bens do Distrito Federal e custeio do tratamento da rede privada.

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Imagem cedida ao MetrópolesUma das cadeiras usadas pelos pacientes internados: sem leito disponível

Um dia após o Metrópoles pedir esclarecimentos à secretaria de Saúde, todas as pessoas que estavam internadas em cadeiras foram encaminhadas a um leito. Segundo o diretor do Hran, Antônio Bonaparte, o problema foi resolvido na última quinta-feira (14).

“Pronto-socorro é imprevisível. Às vezes, a gente é surpreendido com uma demanda muito alta e tem dias mais tranquilos. Os funcionários da limpeza fizeram uma paralisação nesta semana e tivemos de realocar força de trabalho, porque é preciso lavar lençol, limpar o chão, banheiros. Apesar do problema de superlotação, nós temos médicos suficientes. Nosso problema é a falta de equipes de enfermagem”, disse Bonaparte.

Ouvidas novamente na tarde dessa sexta (15), as pacientes informaram que já estão acomodadas e não viram mais pessoas em cadeiras desde a tarde de quinta.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

 

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