Partidos do DF se movimentam para conseguir apoio de servidores
Apoio, que é buscado nas urnas, pode até decidir resultado para os cargos majoritários
Em busca do voto do servidor público, partidos fazem movimentos de aproximação com as categorias locais e nacionais. A União emprega 350 mil servidores, enquanto o governo do Distrito Federal trabalha com 250 mil. Devido ao alto grau de instrução destes trabalhadores, a conquista do voto é penosa. A rejeição de sindicatos e associações é extremamente nociva para campanhas majoritárias. Para ter chance de vitória, as chapas precisam, ao menos, da neutralidade do funcionalismo.
No debate sobre a reforma da Previdência, o presidente regional do PSD, deputado federal Rogério Rosso, nunca foi contrário ao mérito da questão, mas levantou armas contra a forma do projeto proposto pelo governo Temer (MDB). Ao participar do embate para a suspensão da reformulação, pelo menos por este ano, entrou em contato com mais de 400 sindicatos e associações de servidores.
Na leitura de Rosso, a economia local é lastreada pelo serviço público. O servidor é quem consome na padaria, no açougue e na concessionária. A reforma atingiria o servidor no veia, prejudicando o setor produtivo. “A defesa dos serviços públicos é a defesa do DF”, resume Rosso. O PSOL também foi protagonista contra a reforma. Trazendo a discussão para o cenário brasiliense, o PSOL defende abertamente o pagamento da última parcela do reajuste dos servidores locais.
“O governo atual deveria ter trabalhado para garantir o cumprimento da lei e do reajuste. O Buriti criou um precedente temerário”, crava o presidente regional do PSOL, Fábio Felix. O PR conseguiu a filiação do presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, nome diretamente ligado ao funcionalismo e a saúde. Segundo o presidente regional da legenda em exercício, Alexandre Bispo, o partido está aberto para o segmento dos servidores de todas as categorias.
O PP mantem tratativas no plano nacional e local. Mesmo sem ter um distrital, o presidente regional da sigla, deputado federal Rôney Nemer, constantemente vai até na Câmara Legislativa durante as votações de matérias de interesse dos servidores. Por exemplo, na atualização da folha do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o parlamentar fez questão de comparecer e palpitar.
Buriti busca alternativas
Ameaçado por uma nova onda de greves, o governo Rollemberg (PSB) ainda não encontrou um ponto de equilíbrio com as categorias. O reajuste cobrado pelos trabalhadores não está na mesa de negociações do Executivo. Segundo o presidente regional do PSB e Fundação de Apoio à Pesquisa do DF, Tiago Coelho, o saneamento das contas públicas, novos concursos para reverter as deficiências de pessoal serão defendidas nas mesas de negociação.
Rollemberg assumiu o GDF com um rombo de R$ 6,5 bilhões. Hoje, o buraco nas contas públicas é de R$ 300 milhões. “Fizemos escolhas de Estado e não de um projeto de poder para que Brasília não quebrasse. Os salários estão em dia. Com o governo saneado podemos avançar com as pautas sindicais”, afirma Coelho.
Neste sentido, concursos nas áreas de gestão, saúde e educação deverão sair do papel. Caso a nova leva de greves não seja contida, o governo buscará o apoio do população, além de estratégias políticas, administrativas e jurídicas no trato com os servidores.
Saiba mais
A Rede reconhece o peso dos servidores públicos, mas não planeja um discurso voltado para qualquer categoria. Segundo o deputado distrital Chico Leite, a sigla buscará compor uma relação de causas comuns com os funcionários públicos.
O ex-governador Agnelo Queiroz (PT) concedeu reajustes para servidores mas não conseguiu nem mesmo ir para o 2º turno em 2014. Na avaliação petista, o GDF trabalhou mal na negociação, pois ao invés do trabalhadores identificarem uma política pública de valorização, interpretaram s reajustes como vitórias sindicais.
O PT recuperou espaço em certas categorias, como os professores.
Além do serviço público, o PSD tem como pilares a defesa do setor produtivo (especialmente os micro e pequenos empreendedores), a autonomia administrativa e orçamentária das regiões administrativas e a integração do DF com a Região Metropolitana.
Fonte: Jornal de Brasília
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados