Peça de Hugo Rodas entra em cartaz no Espaço Pé Direito

Espetáculo Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças retorna em cartaz no Espaço Pé Direito

Peça com direção de Hugo Rodas e dramaturgia de Gil Roberto banha-se no mito de Prometeu para fazer uma instigante reflexão política.

Divulgação – Foto: Diego Bresani

Após sucesso de público em apresentações no Festival Cena Contemporânea 2019, o espetáculo Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças retorna no Espaço Pé Direito (25 – Vila Telebrasília). A peça estará em cartaz no dia 5 de setembro, quinta-feira, às 21h. Já nos dias 6, 7 e 8 do mês, as apresentações acontecem às 20h, no local. Ingressos: R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 16 anos.

Uma incendiária procura por pessoas para atiçar seus espíritos e instigar uma revolução que está em curso. Um ditador é queimado numa festa antropofágica. O eterno retorno de uma quarta- feira de cinzas fatídica se repete no tempo. Deus foi queimado e suas cinzas foram salpicadas sobre os homens. Uma delicada e sutil garoa assentou a poeira deixada pelas chamas. O barro da criação. O barro da imaginação. É dessa lama primordial que nasce o espetáculo Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças.

Com encenação do renomado diretor Hugo Rodas e escrita pelo autor e ator brasiliense Gil Roberto, que divide a atuação com Micheli Santini, a produção chega para investigar o incrível ato de imaginar e sua necessidade para os processos político-sociais do mundo atual.  Afinal, eram os abutres astronautas? E é assim que começa a trama. Com dois abutres amorais se alimentando da noite dos outros.  Antes mesmo da aurora da humanidade, eles sobrevoavam esta terra e aguardam o fim do mundo enquanto atos políticos e jogos de poder se repetem indefinidamente na história humana. Uma ética abútrica onipresente parece pairar sobre os atos dos homens desde sempre.

Divulgação – Foto: Diego Bresani

Abutres em cena –

Em coreografias bem marcadas e marcantes, dois abutres dão o tom ácido do espetáculo. Em um texto não cronológico e com uma estrutura enunciativa e narrativa, Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças abdica–se do recurso do diálogo. A liberdade poética da dramaturgia é enriquecida com um mosaico de imagens na encenação de Hugo Rodas e com a agregadora música do pianista João Lucas. O viés político e social do espetáculo traz uma relação poética livre com o mito de Prometeu, um revolucionário que roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos mortais. Zeus, que temia que os mortais ficassem tão poderosos quanto os deuses, puniu o titã pela sua ousadia, deixando Prometeu amarrado em uma rocha pela eternidade enquanto uma grande águia comia seu fígado de dia e ele se regenerava à noite, em um ciclo sem fim.

“A águia do mito também é um abutre em outras narrativas. Esse abutre é uma sombra rica e profunda de Prometeu, de Zeus e da própria humanidade. A figura desse abutre sempre me intrigou. Então, resolvi investigar e montar uma peça com essa temática. A figura de Prometeu já tem um tom de rebeldia. Ele era um agitador político. E, atualmente, vivemos em um momento de necessária agitação política. A peça flerta com o nosso presente, com o que temos vivido atualmente, com os sentidos do ético e do político, com as possibilidades do imaginar. Mas não há uma ideia moralista no texto, ele é aberto para a reflexão e sentidos”, destaca o autor.

A modulação para o gênero feminino Prometea faz alusão à obra de Alan Moore, que faz da heroína Promethea um avatar da imaginação. E é a partir do ato de imaginar que a dramaturgia possibilita várias narrativas que sugerem a urgência da imaginação como a centelha necessária para uma mudança de paradigmas.  Enquanto aguardam o fim, os abutres sentem, na flor do coração, que algo precisa verdadeiramente mudar. O que fazer enquanto o apocalipse não chega? Imaginar é urgente!

Podres poderes

Fogo, revolução, morte, regeneração, transubstanciação, imaginação. Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças faz revolver estes elementos a favor de um verdadeiro coquetel molotov da linguagem teatral. A música é mais um elemento que chafurda e funda novas propostas neste caldo dramatúrgico.  E é por meio dessa linguagem em constante movimento que Gil Roberto e Micheli Santini são dirigidos pelo uruguaio Hugo Rodas.

“O Hugo é um mestre para todos. Juntos, estamos nos banhando em uma dramaturgia porosa e aberta que aproxima eventos recentes da nossa história política a eventos políticos recorrentes na história da humanidade. O que é um abutre? Quem são os abutres? Quem são as carcaças e carniças?”, questiona e coloca Gil Roberto.

A dramaturgia destaca ainda a função deste animal para o equilíbrio de ecossistemas, promovendo uma verdadeira obra sanitária: “São aves falconiformes vulturídeas especialistas em carniça e, como não fazem acepção de carne, se alimentam de toda a matéria em decomposição. Uma ética abutre perpassou todo o processo de criação”, explica.

Segundo o autor, o contexto da peça traz uma discussão sobre o poder, que é pensado a partir da visão do abutre, que na natureza é um animal que se alimenta de carniça, da carnificina, da podridão da matéria. Uma metáfora possível para refletirmos a densidade do nosso contexto político atual. O que é necessário digerir para irmos adiante?  “Há uma ética e uma poética em transubstanciar estes conteúdos tão caros à humanidade. Há uma bela sombra que nos alimenta e na qual estamos emaranhados. Os monstros existem no mundo real e, por isso, imaginar é tão urgente”, exalta.

A produção inédita Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças é uma realização do grupo Desvio de Brasília e conta com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal (FAC). Produção da Criativa Empreendedorismo.

Ficha Técnica:

Direção, Cenografia e Figurino: Hugo Rodas

Dramaturgia: Gil Roberto

Assistente de Direção: Rodrigo Fischer

Elenco: Gil Roberto e Micheli Santini

Direção Musical: João Lucas

Músico/Operação de Som: Rafael Gama

Produção: Karita Pascollato (Criativa Empreendedorismo)

Coordenador administrativo: Cléber Lopes

Assistente de Produção: Kalil Bonova

Assessoria de Imprensa: Baú Comunicação Integrada

Cenotécnico: Adriano Roza

Assistente de Cenografia: Rodrigo Lélis

Design de Vídeo: Fernando Gutierrez

Iluminador: Camilo Soudant

Fotógrafo: Diego Bresani

Design Gráfico: Luísa Malheiros

Serviço:

Prometea, Abutres, Carcaças e Carniças

Data: 5 de setembro, quinta-feira

Horário: 21h

Data: 6, 7 e 8 de setembro

Horário: 20h

Local: Espaço Pé Direito (25 – Vila Telebrasilia)

Ingressos: R$ 10 (meia-entrada)

Não recomendado para menores de 16 anos.

Informações: Instagram @prometeaespetaculo

Fonte: Baú Comunicação Integrada – Por Clara Camarano – Foto: Diego Bresani

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