Peniel Pacheco (PDT) conta tudo sobre sua saída da corrida ao Palácio do Buriti

 

Às vésperas da Convenção Regional, o Partido Democrático Brasileiro (PDT), decide trair o candidato ao Governo do Distrito Federal, ex-deputado Peniel Pacheco, e abrir mão de candidatura própria ao Palácio do Buriti, em favor de um nome de fora dos quadros do Partido. A legenda já havia anunciado o presidente da Câmara Joe Valle e por brigas internas dentro do PDT, chamou Peniel Pacheco para ser o candidato conciliador. Depois de uma reunião tumultuada, os pedetistas, mais uma vez, mudaram as regras do jogo, no final do segundo tempo. Peniel Pacheco, falou ao blog, na noite desta quinta-feira (3), sobre o que realmente aconteceu que culminou com mais esse desgaste do partido de Leonel Brizola, no Distrito Federal.

Bastante tranquilo e elegante em suas respostas disse que  “minha candidatura não nasceu de uma iniciativa pessoal. Ela nasceu de uma necessidade do partido de se afirmar como legenda, com protagonismo na cidade e não para se tornar uma legenda auxiliar. E diante desse desafio eu aceitei concorrer até para que o partido pudesse ter a estatura e a fisionomia de um partido que se coloca, que se apresenta, que vai à luta, que deseja ocupar seu espaço dentro do processo político.”

Estranha Mudança de Objetivos

Segundo Peniel Pacheco, “aquele convite tinha esse objetivo. Estranhamente, a reunião de hoje (03) demonstrou um objetivo exatamente oposto. Se naquela época érea para o partido de representatividade, visibilidade para se apresentar perante a opinião pública, agora ele está se escondendo atrás de uma outra candidatura que ainda não ficou claramente definida, mas que vai ser estabelecida na reunião, na convenção de amanhã (sábado). Então, não entendi porque que eu fui convocado para essa missão”, questiona o ex-candidato.

O senhor se acha traído pelo grupo do PDT?

Peniel – Quando você tem uma expectativa gerada por terceiros e você confia nesta expectativa e por alguma razão aquele compromiso se frustra, não deixa de dar um desalento. Eu estou desalentado porque achei que deveria haver maior lealdade em relação a um companheiro que sempre se empenhou em lutar pelas bandeiras do partido e que gostaria muito que isso fosse considerado, inclusive, num momento de decisão como esse. Lamentavelmente, eu não recebi dos companheiros a mesma lealdade que eu tenho dedicado ao partido.

Essa candidatura fora do PDT já tem nome?

Peniel – O que está sendo dito na imprensa é que não tem nome. Mas o resultado da votação lá demonstra uma inclinação muito forte pelo nome de Eliana Pedrosa.

Diante da decisão do PDT do Distrito Federal, o senhor acredita que poderá haver uma coligação com o PSB do governador Rodrigo Rollemberg?

Peniel – Ficou em aberto lá, na ata, essa questão do PSB.  De aqui para domingo, o PSB assume um compromisso forma de apoio à candidatura de Ciro Gomes. Se isso acontecer, o PDT de Brasília vai ter que marchar, em direção à Rollemberg, ou seja: está meio que um leilão, quem oferecer a melhor proposta leva o PDT.

O senhor vê chances de o PDT ter um resultado positivo, nas eleições, depois de todo esse imbróglio que está acontecendo?

Peniel – Eleição é sempre uma caixinha de surpresa. É difícil, principalmente, nesse cenário conturbado, as pessoas muito distantes, a política desacreditada. Claro que não dá para saber antecipadamente que repercussão essa atitude do PDT, de ficar vacilando em ter candidatura própria, de apoiar A, de apoiarB, que peso isso terá na decisão do eleitor. De qualquer maneira, para o próprio partido eu imagino que isso é muito ruim. É ruim porque o partido demonstra uma certa desorganização e uma falta de objetividade. Se você não sabe para onde quere ir, você não encontra um caminho certo nunca. Só encontra o caminho certo quem sabe para onde quer ir. Como não se tem definido  onde se quer chegar, eles não estão sabendo escolher qual o melhor caminho para se chegar a algum lugar que seria o desejável.

Nessa reunião do PDT onde o senhor deixou de ser candidato ao Palácio do Buriti havia a participação do PDT Regional e Nacional?

Peniel – Era reunião da Executiva Regional. Na verdade, eu optei por fazer um discurso, eles me deram a palavra logo no início e eu fiz um discurso conclamando as colegas a tomarem uma atitude baseados na lealdade que foi o que me moveu de ir para o PDT, a esperança de que, dentro do PDT, eu demonstraria minha lealdade, nas decisões, nos acordos firmados e que eu receberia com retorno, a mesma lealdade com que se deve tratar e ser tratado. No entanto, não foi o que ficou evidenciado na reunião de hoje.

Temos 48 horas ainda, para decisões e mudanças, o senhor vê a possibilidade de ingressar em outro grupo para disputar um cargo eletivo?

Peniel – Não. Duas coisas não tenho condições mais de aceitar: a primeira é de que se eles se arrependerem e voltarem a me convidar. Eu acho assim: não faz sentido, depois de uma atitude como essa, eu ser convidado para ser novamente candidato. E, se fosse, não aceitaria. E outra coisa, não faz o meu gênero lançar uma candidatura e depois ficar tentado aceitar outro cargo que não seja aquele que foi a proposta inicial. Se eu fizesse isso, eu me sentiria muito mal como se eu tivesse me utilizando de uma situação para ganhar vantagem competitiva diante dos demais candidatos do partido. Então, não tendo possibilidade, como já ficou evidenciado, de uma candidatura minha, eu não serei candidato a nenhum outro cargo nem se o PDT sair individualmente, isoladamente, nem tão pouco se o PDT fizer coligação.

Na última entrevista que fiz com o senhor, antes de sua viagem de estudos à Europa, o senhor me disse que não iria concorrer a nenhum cargo, mesmo com chances de se eleger, porque o senhor iria se dedicar a sua atividade profissional que é a educação. Como está esse projeto?

Peniel – Evidentemente, uma candidatura ao Governo é uma missão penosa. A minha dedicação ao meu projeto pessoal, estava sendo muito intensa. Por isso, por algum momento, me abstraí um pouco do projeto da área da educação que seria o meu foco. Inclusive, eu estava me preparando para participar de um concurso público que tive que adiar. Mas a vida continua, tem que olhar para gente e meu projeto, na área educacional continua. Agora, vou reequilibrar um pouquinho a emoção e me organizar para, nos próximos dias, me pautar e me dedicar mais intensamente ao magistério.

A transparência, pelos fatos desencadeados, nunca foi exercitada nesses preparativos de campanha?

Peniel – As reuniões estavam sendo conduzidas de maneira bem clara, transparentes, eu estava sendo informado de todos os passos, em todas aas conversas eu era chamado a participar. Mas, estranhamente, de um tempo para cá, um grupo passou a fazer reuniões mais isoladas. Percebi isso e comecei a cobrar uma atitude diferenciada. Inclusive, conversando com o próprio presidente eu solicitei a ele que a gente tivesse mais cuidado para evitar eu ocorresse alguma coisa que não fosse previsível. No entanto, mesmo com meu apelo e meu alerta parece que não funcionou e algumas pessoas do PDT. com muito interesse nessa coligação, sabe-se lá por que fizeram uma articulação silenciosa e de repente culminou nisso.

O senhor pode dar nomes?

Peniel – Depois que acontece uma situação dessas, a gente tem preocupação de preservar o nosso equilíbrio emocional e preservar alguma coisa que possa restar no futuro, em relação ao partido. Então, não quero espezinhar sobre ninguém. Cada um sabe o que fez, cada um sabe porque fez e a pessoa deve prestar conta, em primeiro lugar, a sua própria consciência. Se eles não fizerem isso, se não tiverem capacidade de fazer isso, não sou eu que vou imputar-lhes essa condição porque não cabe a mim ser juiz, julgar. Deixa para lá, é melhor a gente olhar para frente do que estar agora, focado no retrovisor.

Qual o conselho que o senhor daria aos novos candidatos que, em breve, começarão a enfrentar as agruras da política, com traições, reuniões paralelas e outros fatores que o senhor próprio enfrentou nas últimas semanas?

Peniel – Para os candidatos do próprio PDT eu digo o seguinte: essa etapa de definição de candidatura própria, se encerra agora mas acho que a luta deles continua. Eles rem ali, um sonho de batalhar, ir buscar o que for melhor tanto os que são candidatos a deputados distrais, como os que são candidatos a deputados federais que eles olhem a política, como uma coisa que é menor, momentânea, temporária. A verdadeira política é aquela que se lida na relação direta com a população e a sociedade. Se eles ficarem muito assustados ou mesmo presos a essas discussões internas e não tiverem capacidade de olhar para fora pode ser que eles se frustrem e se decepcionem. Mas lá fora tem uma sociedade, tem uma comunidade, tem uma população que precisa muito  de  pessoas que façam política com decência e mesmo que internamente, em alguns partidos, isso não possa ocorrer, é preciso que lá fora, as pessoas saibam que essa população merece o melhor da nossa tenção, o melhor  do  nosso cuidado, do nosso carinho e que eles devem focar, muito mais, naquilo eu é mais importante, na melhoria das condições de vida, olhar para sua comunidade, para os grupos de apoio, com carinho, com  atenção porque é isso que conta na verdade quando se faz política com decência.

 

Fonte: blogedgarlisboa

Foto: Reprodução

 

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