Petrobras e Vale sobem 4% e impulsionam Bolsa, com alívio no exterior
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 1,44%, para 84.510 pontos
Depois de turbulências provocadas pelas incertezas que surgiram após a prisão do ex-presidente Lula, o mercado financeiro brasileiro deu sinais de recuperação nesta terça-feira (10), com impulso das altas de 4% das ações da Petrobras e da Vale e com melhora no exterior. O dólar caiu para R$ 3,41.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 1,44%, para 84.510 pontos.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,23%, para R$ 3,413. O dólar à vista, que termina os negócios mais cedo, subiu 0,5%, para R$ 3,425.
+ Latam corta número de tripulantes por voo por causa de greve no Chile
O alívio no mercado brasileiro ocorreu um dia após o dólar fechar a R$ 3,42, maior patamar desde dezembro de 2016, e de a Bolsa cair 1,8%. A sessão foi influenciada pelo exterior, com a diminuição das tensões comerciais entre China e Estados Unidos. A trégua ocorreu após presidente chinês, Xi Jinping, prometer cortar tarifas de importação.
Ele afirmou que a China vai ampliar o acesso a seu mercado para investidores estrangeiros. Em resposta, o presidente americano, Donald Trump, elogiou o compromisso de Xi de abrir mais a economia chinesa.
O republicano expressou a confiança de que as duas maiores economias do mundo poderiam superar os atritos comerciais e “fazer grande progresso juntas.”
“Os investidores ficaram animados com as declarações do presidente chinês. Aí houve um movimento de valorização global das principais moedas em relação ao dólar”, diz Mauricio Nakahodo, economista do Banco MUFG Brasil.
Das 31 principais divisas do mundo, 24 ganharam força em relação ao dólar nesta terça. O rublo liderou as desvalorizações ante o dólar, com queda de 4,11%, ainda sob impacto do ataque em uma cidade síria que deixou ao menos 60 mortos e mais de mil feridos. Rússia e Estados Unidos estão em lados opostos no que diz respeito à investigação do uso de armas químicas no país.
As notícias domésticas continuaram no radar dos investidores. Na noite de segunda, a agência de classificação de risco Moody’s melhorou a perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de negativa para estável.
“Esperava-se um corte, assim como fizeram S&P e Fitch. Mas a Moody’s expressou confiança no próximo governo e na continuidade da política econômica”, afirma Nakahodo. “A agência vai acompanhar o resultado eleitoral e as condições de governabilidade do próximo presidente. Aí, vai depender do que vai acontecer.”
Marco Tulli, gestor da mesa de operações da corretora Coinvalores, avalia que uma das incertezas que cercam o mercado termina amanhã, após o julgamento de pedidos de liminares que podem suspender a prisão em segunda instância, beneficiando com a liberdade centenas de réus da Lava Jato, incluindo Lula.
“É o que está dando a volatilidade do mercado. Há uma movimentação em relação ao que o Supremo vai fazer com a segunda instância. O mercado pode consolidar essa melhora a partir de amanhã, se a gente tiver a certeza de que não vão mexer com a segunda instância. Caso contrário, pode cair em descrédito de novo. É um dia importante para solução”, afirma.
ECONOMIA
Do ponto de vista econômico, as notícias continuam reforçando as apostas de que o banco central vai cortar a taxa de juros na reunião de maio. O IPCA, índice oficial de preços, desacelerou em março e atingiu o menor valor para o mês desde a implantação do Plano Real, em 1994.
O índice variou 0,09% em março, bem abaixo do 0,32% registrado em fevereiro deste ano. Nos 12 meses até março, o índice subiu 2,68%, ante 2,84% em fevereiro, distanciando-se ainda mais do piso da meta inflacionário para este ano, de 4,5% com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O Banco Central brasileiro vendeu a oferta de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, já rolou US$ 340 milhões dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve queda de 0,59%, para 168,5 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para julho deste ano caiu de 6,295% para 6,291%. O DI para janeiro de 2019 se manteve em 6,275%.
AÇÕES
Os papéis da Petrobras subiram 4%, acompanhando a forte alta do petróleo no exterior, e ajudaram a impulsionar o Ibovespa nesta sessão. As ações preferenciais da estatal subiram 4,24%, para R$ 21,40. As ordinárias tiveram valorização de 3,93%, para R$ 23,80.
A alta ocorreu também após a agência de classificação de risco Moody’s elevar o rating da Petrobras de Ba3 para Ba2.
Os papéis da mineradora Vale também contribuíram para a alta do Ibovespa, depois de subirem 4,40%, para R$ 44,84.
As ações da Marfrig voltaram a disparar nesta sessão e lideraram as altas do Ibovespa, após a empresa comprar, na segunda-feira, 51% das ações da National Beef, quarta maior processadora de carne bovina dos Estados Unidos. Com isso, se tornou a segunda maior processadora de carne do mundo. Os papéis avançaram 17,73%.
A Embraer subiu 6,72%, em meio a expectativas de avanços nas negociações com a Boeing. A Bradespar avançou 4,97%.
Os papéis da Eletrobras se recuperaram, após despencarem na segunda em meio às preocupações com a sucessão no ministério de Minas e Energia, que vai ser comandado por Moreira Franco. As ações preferenciais subiram 4,82%, e as ordinárias avançaram 3,59%.
No setor financeiro, as ações de bancos subiram, com exceção dos papéis do Banco do Brasil, que caíram 1,20%.
O Itaú Unibanco se valorizou 0,5%, as ações preferenciais do Bradesco subiram 0,85% e as ordinárias avançaram 0,93%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil teve alta de 0,08%.
As ações da Hypera caíram 3,26%, após escritório do grupo farmacêutico ser alvo de mandado de busca e apreensão. A empresa afirmou, porém, que não é alvo de nenhum procedimento de investigação. Com informações da Folhapress.
Fonte: Notícias Ao Minuto
Foto: DR