Polícia Civil investiga obra em escola particular do Lago Sul

 

O inquérito vai apurar se a construção de um campo de futebol causou danos em uma área de proteção ambiental

construção de um campo de futebol em uma escola particular do Lago Sul virou caso de polícia e dor de cabeça para os vizinhos que moram na QI 19. A Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema) abriu inquérito para apurar se a obra resultou em dano ambiental, uma vez que um dos lotes ocupados pela unidade de ensino integra Área de Proteção Ambiental (APA).

A reportagem esteve na escola Everest na quinta-feira (25/1). O colégio atende cerca de 550 alunos do ensino infantil ao fundamental. Mesmo com forte chuva, as obras seguiam em ritmo acelerado. Na lateral do campo que está sendo construído, havia um caminhão carregado com troncos de árvores. O administrador do colégio, Fabiano Faria, afirmou que a obra é regular e que as árvores cortadas no lote não são nativas.

“Eu já prestei depoimento na Dema. Expliquei que, desde que fui contratado, em janeiro deste ano, não notei qualquer irregularidade. Se fossemos desonestos não teríamos autorização nem mesmo para fazer as matrículas dos alunos. A construção do campinho é uma demanda das crianças. Estamos fazendo por elas. Não temos objetivo de alugar para eventos particulares ou ganhar dinheiro com isso”, justificou Faria.

Segundo um morador da quadra que pediu para não ter o nome divulgado, a situação tem causado transtornos à comunidade local. “Um dos lotes ocupados é residencial. Eles não poderiam fazer uma obra como essa. Antes aqui funcionava uma creche de freiras. Tinha um pomar maravilhoso, com centenas de árvores. Essa escola chegou e derrubou tudo. Asfaltou boa parte do lote sem autorização ambiental, degradando o solo”, criticou.

Outro vizinho enviou um vídeo para a reportagem que mostra a movimentação dos tratores. A gravação foi feita no último domingo (28).

Confira:

 

O administrador da escola se defende. “Acho que todo esse problema começou por conta do incômodo dos moradores. Obra é algo que naturalmente faz barulho, mas a escola precisa passar por reformas constantes para atender bem os alunos”, defendeu o administrador da escola, Fabiano Faria.

Agefis: obra é irregular
Ao Metrópoles, a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) confirmou que a construção é irregular. Equipes do órgão já estiveram no local diversas vezes. “A obra não possui licença, o alvará. Foram aplicadas três notificações, além de oito multas, uma interdição e um embargo”, ressaltou a agência.

A Agefis detalhou que as autuações começaram em setembro de 2012. A última foi uma notificação de junho de 2017.

Questionado sobre as notificações Fabiano Faria alegou que desconhece qualquer embargo na obra ou interdição feita neste ano. “Existe algum lacre? Algum aviso da Agefis? Se tem, eu não vi. Sobre o ano passado não posso me manifestar, porque não trabalhava aqui”, disse.

A Administração Regional do Lago Sul frisou que só emite alvarás e habite-se para residências. A regional recebeu diversas reclamações de moradores por meio da ouvidoria e enviou todas as denuncias à Polícia Civil e à Agefis.

Por meio da Divisão de Comunicação da Polícia Civil, o delegado responsável pelo caso, Baltazar de Deus Pereira, delegado chefe-adjunto da Dema, informou que a conclusão das investigações aguarda a perícia criminal.

 

Fonte: Metrópoles

Fotos: IGO ESTRELA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES

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