Policial que abriu fogo na BR-070 e feriu menino é demitido da PCDF

 

Sílvio Rosa responde por tripla tentativa de homicídio e foi afastado definitivamente dos quadros da polícia um ano e sete meses após crime

Um ano e sete meses depois de disparar três tiros contra uma família, o policial civil Sílvio Moreira Rosa foi demitido da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Em janeiro do ano passado, o agente policial de custódia baleou Luís Guilherme, à época com seis anos. O crime ocorreu na BR-070, na altura de Águas Lindas (GO), no Entorno do DF.

A demissão, assinada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) dia 13 de agosto deste ano. O caso do policial era investigado pela corregedoria da corporação.

DODF/Reprodução

DODF/ReproduçãoDemissão foi publicada no Diário Oficial do DF

Metrópoles noticiou que, até o começo deste ano, Silvio Rosa vivia uma rotina normal, permanecia nos quadros da corporação, recebendo salário de aproximadamente R$ 14 mil.  Após passar pouco mais de oito meses detido em Goiânia (GO), conseguiu habeas corpus em setembro de 2017. Até fevereiro deste ano,  estava lotado no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

Segundo o Portal da Transparência do DF, o policial indiciado por tripla tentativa de homicídio recebeu R$ 14.389,13 em outubro; e R$ 13.998,37 em novembro e dezembro de 2017. Apesar de atentar contra a vida de Luís Guilherme e ter histórico de violência.

Na época do crime, o servidor de 54 anos, respondia a ocorrências registradas na Polícia Civil do Distrito Federal por vias de fato (briga), ameaça, lesão corporal, injúria e até um crime sexual. Todos os casos ocorreram entre 2005 e 2015.

O crime
Na manhã do dia 6 de janeiro de 2017, ele se envolveu em mais um episódio violento que, por pouco, não terminou em tragédia. A família de Luís Guilherme e o policial estavam parados em um congestionamento que se formou na BR-070 por conta de reparos na via. O agente policial de custódia, que estava prestes a se aposentar, se irritou com o pai do garoto, que teria cortado a fila de veículos parados.

Sílvio Moreira Rosa sacou a pistola e abriu fogo contra o carro onde estava a família. Um dos três disparos atravessou a cadeirinha, entrou pelas costas e se alojou no pulmão de Luís Guilherme.

Na ocasião, a mãe do garoto, Paula Caxias, disse que ela, o marido e o filho estavam atrás do veículo ocupado pelo policial. Em determinado momento, Sílvio teria começado a brecar o carro, como provocação. “Parece que queria que a gente batesse nele”, explicou.

Preocupada, ela pediu ao marido que passasse à frente do policial assim que possível: “Depois que ultrapassamos, ele emparelhou na contramão e ficou lado a lado conosco. Mas não conseguiu passar porque vinha um carro no outro sentido. Então, ficou colado na nossa traseira, como se fosse bater”, disse. A mãe ressaltou que, nessa hora, falou para o marido acelerar. “Comecei a ouvir tiros…. muitos tiros”, contou.

Veja imagens do caso:

Policial que abriu fogo na BR-070 e feriu menino é demitido da PCDF

Após ser atingido pelos disparos, Luís Guilherme perdeu as funções do pulmão direito. A cirurgia para a retirada da bala feita um mês após o episódio foi bem-sucedida, mas, no fim do ano passado, médicos descobriram que uma artéria vital havia sido seriamente lesionada, retirando qualquer funcionalidade do órgão.

Desde o diagnóstico, o menino adotou uma rotina que consiste em passar boa parte do dia em sessões de fisioterapia respiratória. A família também matriculou-o em uma escola de natação, modalidade que estimula o fôlego.

Além da difícil adaptação de viver com apenas um pulmão performando, há o receio de o outro ficar necrosado, o que obrigaria Luís Guilherme, que mora em Valparaíso (GO), a voltar à mesa de cirurgia para removê-lo.

A criança também faz acompanhamento com psicólogo e terapeuta ocupacional para tentar apagar da mente o terror vivido há pouco mais de um ano. Em função do trauma, fica inquieta ao passar muito tempo no banco de trás do carro. Inevitavelmente, recorda-se da dor, do sangue e do desespero dos pais.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Reprodução/TV CMN

 

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