Portugal lado A: roteiro de 15 dias pelo eixo Porto-Lisboa

 

Coimbra, Fátima, Óbidos, Sintra… um passeio de Porto a Lisboa passando pelos mais desejados cartões-postais portugueses

Confira um roteiro de 15 dias pelos passeios mais clássicos da Terrinha, com as cidades e programas que você não pode deixar de visitar.

Dia 1: Porto

Haja beleza: o casario do Porto refletindo no Rio Douro (Leopatrizi/iStock)

Os pontos imperdíveis do Porto estão no coração da cidade, a curtas distâncias. Comece no marco zero: a imponente Catedral da Sé, erguida no século 12. A novidade é que é possível visitar também o vizinho Paço Episcopal, um palacete que é a casa dos bispos. Entre afrescos e salões, a escadaria de granito sob a claraboia cria um bonito jogo de luzes.

De lá são cinco minutinhos a pé até a emblemática e centenária Estacão Ferroviária de São Bento. Ponto de passagem de 1 milhão de pessoas todo mês, tem um belo átrio, com painéis de azulejos do artista Jorge Colaço que contam a evolução dos meios de transporte.

Os murais da linda Estação São Bento (Katatonia82/iStock)

A essa altura, já deve ser a hora do almoço e ali, nos arredores, fica o clássico dos clássicos do Porto: o Café Santiago, que serve a mais famosa francesinha da cidade, um sanduíche com linguiça, salsicha, presunto, embutidos e bife, coberto por queijo derretido, ovo frito, um molho generoso e, ufa!, acompanhado de batata frita.

Deixe o cafezinho para outro ícone ali ao lado: o Café Majestic, de 1921 e com ares de belle époque. Reúna forças para o segundo round. Uns dez minutos de caminhada levam à Torre dos Clérigos, com 75 metros de altura. A vista lá é a recompensa para quem encara seus 225 degraus.

Escadaria da Lello (Karol Kozlowski Premum Rm Collection / Alamy Stock Photo/Wikimedia Commons)

Depois, veja os lindos vitrais e as escadas da Livraria Lello. Rume agora para a Ribeira, sinta a brisa do Douro e admire as casinhas de fachadas coloridas e gastas. Uma das mais bonitas igrejas do Porto, a de São Francisco tem interiores revestidos em talha dourada e costuma ser palco de emocionantes concertos de música clássica. Fica pertinho do Palácio da Bolsa, que merece uma visita pelo Salão Árabe, ricamente decorado, tendo como modelo a Alhambra, de Granada.

Termine a tarde às margens do Douro, onde restaurantes espalham mesinhas ao ar livre. À noite, hora de sair do Centro e ir a um bom restaurante. Com paredes de pedra, a Casa Aleixo tem perninhas de polvo empanadas com maionese de cítricos; já a Cozinha do Manel  serve pratos de bacalhau e rojões, à base de porco.

Dia 2 : Porto

Vistona da Ponte D. Luís I (Seanpavonephoto/iStock)

Comece o dia do outro lado do Douro, na Vila Nova de Gaia. E, para fazer jus às lindas vistas do Porto que se descortinam na margem oposta, embarque no Teleférico de Gaia para um passeio de cinco minutos. O ponto de partida fica aos pés da Ponte D. Luís I, e o trajeto margeia o rio coalhado de barquinhos coloridos. O desembarque fica a poucos passos do próximo destino, as caves de vinho do Porto.

Na Ramos Pinto, é possível visitar salas de envelhecimento e um pequeno museu. Na Taylor’s, além das provas tradicionais, é possível, com reserva, fazer degustações individuais, aulas ou assistir a uma cerimônia de abertura de garrafas a fogo. Almoce lá mesmo – seu restaurante, o Barão Fladgate, é ótimo e tem belas vistas. Aposte nas versões moderninhas de receitas portuguesas, caso do polvo confitado com batatinhas. No fim, se ainda restarem forças, visite a Quinta do Noval, que tem bar de vinhos.

A moderníssima Casa da Música (Paul Quayle/ alamy stock photo/Wikimedia Commons)

Reserve a tarde para conhecer o lado mais moderno do Porto. Vá de táxi ou Uber de Gaia até a região da Boa Vista. Fica lá um dos projetos mais ousados da cidade, a Casa da Música, projetada pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, ganhador do Prêmio Pritzker. Do lado de fora, o complexo possui a forma de diamante lapidado. Dentro, tem perfeccionismo em cada detalhe (como o revestimento das cadeiras da sala de espetáculos que interfere na reverberação do som).

Há visitas guiadas diariamente. De lá, siga para o museu da Fundação de Serralves, com acervo de arte contemporânea a partir dos anos 1960. Os jardins são providenciais para uma pausa. À noite, embarque numa viagem pelos sabores portugueses no restaurante O Paparico. Vale ficar um pouco no bar, com ótimos aperitivos e vinhos. No menu, há cabrito assado com legumes ou arroz malandrinho de lavagante azul (tipo de lagosta).

“Entre o Porto e Lisboa, há cinco restaurantes que considero muito especiais: o Pedro dos Leitões, na Bairrada, pelo ambiente familiar, pela pele estaladiça do leitão e pela suculência da carne, o Pedro Lemos e o Yeatman, no Porto, além do DOC Rui Paula, no Douro, porque oferecem menus degustação do mais alto nível, com cozinhas muito autorais inspiradas na culinária portuguesa, e o Cantina 32, que tem as melhores mozarelas de búfala do Porto.”

Henrique Sá Pessoa, Chef com uma estrela no Guia Michelin

Dia 3: Porto-Aveiro

  • Percurso em estradas: 81,5 km
  • Tempo de deslocamento: 1h

O dia é dedicado às delícias da doçaria portuguesa. A meia hora do Porto, pela A-29, fica Ovar, cidade de menos de 20 mil habitantes que ganhou fama por uma razão: um pão de ló de recheio molhadinho. O doce, receita de família desde 1781, é especial na Pão de Ló São Luiz. Depois da parada, hora de seguir viagem rumo a Aveiro, 30 minutos adiante. Cortada pelo Rio Vouga, a cidade é uma fofura de casas coloridas e barquinhos idem.

Os coloridos e fotogênicos moliceiros, barcos típicos de Aveiro (Photooiasson/iStock)

Especializado em bacalhau, o Salpoente é um restaurante moderninho em frente ao Canal de São Roque, com receitas contemporâneas com peixe como o cappuccino de bacalhau. Deixe a sobremesa para uma instituição local: a Confeitaria Peixinho, especializada no delicioso doce ovos moles de Aveiro, que leva o selo de Indicação Geográfica Protegida (IGP) da União Europeia.

A região é também terra de outra joia da coroa: as porcelanas Vista Alegre. Sua antiga fábrica, em Ílhavo, a 8 quilômetros dali, foi transformada recentemente em um hotel-design, o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel . Ali, o resto do dia pode ser passado na piscina, no spa ou no museu histórico da marca.

Dia 4: Aveiro – Coimbra

  • Percurso em estradas: 78 km
  • Tempo de deslocamento: 1h30

Programe-se para estar na hora do almoço em Mealhada, cidadezinha a cerca de 40 quilômetros de Aveiro. Pequenina, ela tem restaurantes que anunciam, em letras garrafais, um único prato. Mealhada é a capital do leitão da bairrada. Os porquinhos de leite são assados lentamente em lenha de videira ou eucalipto e recebem borrifos de vinho branco. A carne fica macia e molhadinha, com casquinha dourada e crocante… O acompanhamento tradicional é uma salada de laranja, batatas e espumante geladinho.

Outra pausa para a natureza: uma ida até a Mata Nacional do Buçaco – com a incontornável olhadela no antigo Convento da Santa Cruz (atlantico press/ alamy /latinsotck/Wikimedia Commons)

O restaurante Pedro dos Leitões prepara a receita de maneira impecável há mais de 75 anos. Depois, siga para um oásis verde: a Mata Nacional do Buçaco, com espécies de planta do mundo inteiro, cultivadas pela Ordem dos Carmelitas Descalços desde o século 17. Ao final do dia, o destino é Coimbra, em que a pedida é ficar duas noites.

Pode ser na Quinta das Lágrimas, palacete cercado de jardins onde está a Fonte das Lágrimas, ponto de encontro dos amantes Pedro e Inês séculos atrás; ou o Sapientia Boutique Hotel , no centro histórico. Para o jantar, o Solar do Bacalhauprepara ótimos pratos com o “fiel amigo” dos portugueses.

Dia 5 : Coimbra

Vista de Coimbra, a partir do Rio Mondego (Alex Robinson/Getty Images)

Curiosamente, a Universidade de Coimbra foi fundada em 1290 em… Lisboa. Mas, desde o século 16, ela se acomodou nas colinas da cidade que lhe deve o nome. É possível visitar o histórico Paço Real; o mais antigo colégio jesuíta do mundo, de 1542, hoje parte do complexo universitário; e a maior estrela local, a Biblioteca Joanina, joia barroca que começou a ser construída em 1717. A poucos passos fica outro imponente monumento: a Sé Velha de Coimbra.

O percurso pelo centro histórico termina com um cabrito assado na taberna Zé Manel dos Ossos, já pertinho do Rio Mondego. O resto do dia pode ter caminhadas na cidade e, à noite, o restaurante Arcadas é a pedida para uma refeição memorável em um belo jardim. Ali, o chef Vítor Dias prepara receitas com ingredientes da região e bons vinhos dos vizinhos Dão e da Bairrada.

Dia 6 : Coimbra – Tomar

  • Percurso em estradas: 111 km
  • Tempo de deslocamento: 1h45
As ruínas e os mosaicos de Conímbriga (Perry Mastrovito/ latinstock/Wikimedia Commons)

Os romanos se estabeleceram ao sul de Coimbra no século 1 a.C. – e ergueram uma incrível cidade com palacetes, fontes e avançadas técnicas de aquecimento. Hoje, Conímbriga, a meia hora de distância pelas autoestradas IC-2 e IC-3, tem algumas das mais bem preservadas ruínas desse período na Península Ibérica. Admire os lindos mosaicos das construções e a muralha. Uma passada no museu é essencial para compreender o lugar.

O convento de Cristo, dos templários, em Tomar (Shaun Egan/Getty Images)

A aula de história continua 70 quilômetros adiante, em Tomar, em que tem início nosso roteiro, que engloba os principais monumentos tombados como patrimônio da humanidade no centro de Portugal. Fica ali o impressionante Convento de Cristo, erguido em 1160 pelos cavaleiros da Ordem dos Templários, um dos maiores conventos da Europa. Atenção a preciosidades como a janela da sacristia de estilo manuelino, com ricos detalhes que remetem à ordem, e da charola, o oratório dos cavaleiros.

Antes de visitá-lo, pare no restaurante A Lúria, clássico local, e prove pratos como arroz de lampreia ou a açorda de sável (um tipo de peixe) com ovas. Inaugurado no ano passado, o The Agartha Boutique Hotel é uma boa para passar a noite. Tem quartos gostosos e o restaurante capricha nas entradinhas – se for época de figos, peça a fruta gratinada com gorgonzola e mel.

Dia 7: Tomar-Batalha

  • Percurso em estradas: 68 km
  • Tempo de deslocamento: 1h20

O destino agora é Batalha, onde fica o famoso mosteiro. Mas, antes, um desvio nos leva a Fátima. Este é um ano especial para o santuário: em maio, comemorou-se o centenário das aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos. As celebrações trouxeram novidades, como um terço com 26 metros de altura esculpido pela artista portuguesa Joana Vasconcelos. Há várias missas diariamente.

Ainda em Fátima, outro centro de peregrinação – dessa vez, gastronômica. O restaurante Tia Alice coleciona ilustres comensais, de presidentes a atores e escritores. Do forno a lenha saem pães quentinhos e nacos de vitela. Outro prato famoso é o bacalhau com gambas. Para encerrar, bolo de chocolate ou de leite creme, com a casquinha tostada a ferro, como antigamente.

A escultura Suspensão, um terço gigante da artista Joana Vasconcelos, no Santuário de Fátima (Joseignaciosoto/iStock)

Batalha, cidade pequenina de cerca de 2 mil habitantes, surge no horizonte menos de meia hora depois. Ali todas as atenções se viram para oMosteiro de Santa Maria da Vitória, construído para comemorar a vitória de Portugal contra a Espanha na Batalha de Aljubarrota. Confira as Capelas Imperfeitas, de impressionantes 35 metros de diâmetro, que permanecem sem teto.

A outra atração ali é um doce deovos que leva amêndoas aos montes. O pudim da Batalha é encontrado em duas confeitarias locais, que disputam o título de melhor pudim: a Pastelaria Arqueiro e a Pastelaria Oliveira. Na dúvida, prove os dois. Ao final do dia, Leiria, a 15 minutos de distância, tem ótimos lugares para jantar, como O Casarão. Difícil é escolher entre o bacalhau com broa, o polvo à lagareiro, o porco preto com migas… De volta a Batalha, o Villa Batalha é um dos melhores hotéis locais.

Dia 8: Batalha – Óbidos

  • Percurso em estradas: 74 km
  • Tempo de deslocamento: 1h30
O grandioso Mosteiro de Alcobaça, onde Pedro e Inês estão enterrados, um de frente para o outro (Stefano Valeri / latinstock /alamy/Wikimedia Commons)

O último dia de explorações pelo centro do país tem um certo ar de conto de fadas. A história de Pedro e Inês tem o seu capítulo final no imponente Mosteiro de Alcobaça, de estilo gótico, onde eles estão enterrados de frente um para o outro, como quis o rei de Portugal. Depois da visita, que passa por bonitos claustros e jardins, desvie até o litoral, ali pertinho, onde fica a vila de Nazaré, com tradição de secagem de peixes ao sol, liderada por senhoras vestidas de preto.

O almoço à beira-mar é mais gostoso na Taberna d’Adélia, que serve ótimos peixes. O próximo destino é um convite a uma viagem no tempo: Óbidos, uma das mais bem preservadas cidades medievais portuguesas. Cercada por muralhas do século 14, a vila tem igrejas e casinhas caiadas de branco com portas e janelas azuis. Aceite um conselho: reserve duas noites por lá.

Pode ser na Pousada do Castelo, para dormir como um rei, ou no hotel The Literary Man, também no centro histórico, onde os ambientes são forrados de livros – há cerca de 40 mil no acervo! Aos pés da muralha, o restaurante Comendador Silva, no hotel Casa das Senhoras Rainhas, é a dica para o jantar, com seus pratos de peixes e frutos do mar. Não demore a provar a especialidade local: a ginjinha, um licor à base de ginja (fruta que lembra a cereja) servido em copos de chocolate.

Dia 9: Óbidos

Detalhes das ruazinhas do centro murado de Óbidos (Gonzalo Azumendi / Grupo Keystone/Wikimedia Commons)

Reserve o dia para subir nas muralhas, percorrê-las de fora a fora do alto, entrar nas igrejas, provar um copinho de ginjinha em cada esquina e vasculhar as muitas lojinhas fofas de suvenires. E inclua pelo menos outros dois ótimos restaurantes na sua lista: o que fica dentro da Pousada do Castelo, no Paço Real, e serve pratos tipicamente portugueses, entre eles um famoso carré de cordeiro com arroz de pinhão, e também o Vila Infanta, uma opcão mais simples, mas nem de longe menos saborosa.

Se quiser ver o mar só mais um pouquinho, Peniche fica a poucos quilômetros de distância dali – é uma pequena cidade que tem o lindo Forte São João Batista na paisagem, cercado de águas verde-esmeralda transparentes.

Dia 10: Óbidos – Sintra

  • Percurso em estradas: 91 km
  • Tempo de deslocamento: 1h20

Lisboa está cada vez mais perto, e as próximas duas noites serão no alto da serra, para onde fugia a família real nos meses de verão. Ali estão alguns dos melhores hotéis nas cercanias da capital, como os resorts Penha Longa e Tivoli Palácio de Seteais, ambos em palacetes, imersos na mata e com ótimos restaurantes.

Para orçamentos menores, há boas opções no simpático centro histórico, como o Bliss House, ou o cheio de história Lawrence’s, a mais antiga hospedaria da Península Ibérica, queridinho de Lord Byron no início do século 19. Mas, antes de chegar lá, Mafra estará no caminho – e vale entrar para ver o Palácio Nacional de Mafra. Imenso, tem quilômetros de corredores e mais de 150 escadas em sua área de 40 mil metros quadrados.

O colorido e extravagante Palácio da Pena, em Sintra (Tom Uhlenberg/Grupo Keystone/Wikimedia Commons)

Sintra tem belas atrações para mais que um dia. E elas vão além de suas delícias, como as suaves queijadas da Fábrica das Verdadeiras Queijadas da Sapa e os travesseiros da Casa Piriquita, feitos de massa folhada, recheados com doce de ovos com gila – uma espécie de abóbora. Há quem saia de Lisboa rumo a Sintra só para adoçar o paladar, mas seu incrível trio de palácios está entre as atrações mais visitadas de Portugal.

O mais impressionante é o colorido Palácio da Pena, construído no século 19, a partir de um mosteiro do século 16. Fruto da imaginação do rei D. Fernando II, mistura elementos românticos a manuelinos e mouriscos. Mais austero e com imponentes chaminés, o Palácio Nacional foi erguido no período de dominação árabe e recebeu as primeiras intervenções no século 13. E há o Castelo dos Mouros e suas ruínas e muralhas com belas vistas da serra.

Entre os passeios, prove delícias da região em um dos melhores restaurantes da cidade: o elegante A Raposa , com receitas como o risoto com tinta de lula, camarões, polvo e bacalhau; e o Nau Palatina, que serve lombinhos e secretos de porco.

Dia 11: Sintra – Arredores

  • Percurso em estradas: 43 km
  • Tempo de deslocamento: 1h10
Azenhas do Mar, cidadezinha branca bem lá no topo de uma falésia (Clickalps Srls/Getty Images)

Escadas em espirais. Labirintos. Grutas. Poços. No começo do século 20, o excêntrico milionário carioca filho de portugueses Antonio Augusto Carvalho Monteiro, conhecido como Monteiro dos Milhões, contratou o arquiteto italiano Luigi Manini para construir um palacete cheio desimbologias em Sintra. A enigmática Quinta da Regaleira pode ser visitada no começo do dia, antes de explorar as praias da região.

Maçãs e Adraga estão entre as mais bonitas, mas Azenhas do Mar tem uma bela surpresa. Na vila branquinha no alto da falésia, fica o restaurante Piscinas , debruçado bem no ponto em que o mar desenha uma piscina natural. Reserve um lugar na varanda ou perto das janelas e prepare-se para uma festa de peixes e frutos do mar que pode começar com percebes (um tipo de marisco) e depois seguir com uma cataplana de polvo.

No fim de tarde, rume para o Cabo da Roca, “onde a terra se acaba e o mar começa”, como escreveu Camões. É o ponto mais ocidental da Europa, a 140 metros do nível do mar, onde fica um farol. O pôr do sol ali é um espetáculo.

Dia 12: Sintra – Lisboa

  • Percurso em estradas: 55 km
  • Tempo de deslocamento: 1h30
A Praia do Guincho: vale uma parada para almoçar diante da baía (Giovanni Simeone/ Sime/ Latinstock/Wikimedia Commons)

Sintra está no alto da serra. Cascais, aos seus pés. Juntas, elas desenham um belo cenário chamado Parque Natural de Sintra-Cascais, em que uma mata densa vai ao encontro do mar. É por lá que nosso roteiro passa hoje. O primeiro destino ao sair da estância de serra é a bonita Praia do Guincho, cercada de dunas selvagens e paraíso de surfistas destemidos – o acesso se dá pela estrada A-16. Programe-se para almoçar lá.

Pode ser no simpático Bar do Guincho, todo em madeira e debruçado sobre a baía, que serve petiscos e saladas; ou, mais adiante, no tradicional Porto Santa Maria, que tem um famoso robalo assado em crosta de pão. À tarde, explore o Centro de Cascais, com simpáticas ruelas de pedra fechadas para carros. Você será atraído para uma fila numa casa de tons vermelho e branco.

É a deliciosa maldição do Santini, a mais tradicional sorveteria – ops, gelateria – de Portugal, com quase 70 anos de história. Não perca os sabores de frutas, como morango com manjericão ou mix de ananás, coco e lima. Depois, siga para Lisboa pela Marginal, tendo o mar como companhia. E despeça-se do carro: aqui, ele é sinônimo de dor de cabeça.

“Marcas do design português que eu adoro: a Mish Mash, de papelaria, que faz cadernos lindos, com sede em Matosinhos, nos arredores do Porto; e a Fora, de óculos de sol handmade, em Lisboa.”

Joana Lemos, Estilista, criadora da marca Freakloset

Dia 13:  Lisboa

Basta colocar os pés nas ruas do centro histórico lisboeta para entender que todo o auê em torno da cidade não é desmerecido. Lisboa nunca esteve tão atraente – e isso se nota nas novas atrações e nos cenários. Comecemos pela Baixa, onde estão as mais importantes praças locais. As obras do metrô que impediam que se visse o Tejo a partir da Praça do Comércio terminaram e a Ribeira das Naus foi revitalizada – hoje é um delicioso calçadão, com cafés e ciclovia.

O Arco da Rua Augusta abriu seu terraço ao público. Até o Mercado da Ribeira ganhou banho de tinta fresca – agora batizado Time Out Market, reúne algumas das melhores ofertas gastronômicas da cidade. Um dia perfeito de estreia inclui tudo isso e a região dos vizinhos Chiado, Príncipe Real e Bairro Alto. Da região do Cais do Sodré chega-se ao Largo de Camões pela Rua do Alecrim – e, em poucos minutos, já se está no coração do Chiado, com a icônica estátua de Fernando Pessoa na frente do café A Brasileira.

 

O Elevador da Bica. Sim, estamos em Lisboa (Alexander Spatari/Getty Images)

A poucos passos estão as ruínas do Convento do Carmo, ao lado do icônico Elevador de Santa Justa, marco lisboeta desde 1902. Subindo rumo ao Bairro Alto pela Rua de São Pedro de Alcântara, chega-se ao miradouro de mesmo nome, que escancara uma vistona para o Castelo e a Baixa. Mais alguns metros rua acima e alcança-se o Príncipe Real, cheio de bares e restaurantes. À noite, embrenhe-se pelas ruelas do Bairro Alto, prove as delícias do restaurante Sinal Vermelho e não durma sem peregrinar de bar em bar de Imperial nas mãos.

Dia 14: Lisboa

A Ribeira da Naus agora é um delicioso calçadão (Peter Erik Forseberg/ Grupo Keystone/Wikimedia Commons)

Comece o dia a bordo do Eléctrico 28, o bondinho lisboeta que vai do Campo de Ourique ao Martim Muniz e passa pelas principais atrações turísticas. Tente embarcar antes dos pontos do Chiado e da Baixa, quando ele lota (rota completa em carris.pt). Vá direto ao bairro da Graça, uma fofura de predinhos coloridos. Tomar um café na esplanada do miradouro, com uma bela vista da cidade, é programa obrigatório. Para almoçar por lá, o tradicionalíssimo O Pitéu da Graça tem bacalhau, amêijoas à Bulhão Pato, polvo à lagareiro…

Depois, vá descendo a ladeira rumo à Baixa, calculando paradas. A primeira é no Castelo São Jorge; a segunda, na Catedral da Sé; e, por fim, na Igrejinha de Santo António de Lisboa, erguida no lugar em que nasceu o santo. Pelo caminho, os becos de Alfama, com suas quitandas e roupas nas janelas. Termine o dia com um show de fado com jantar no Clube de Fado.

“A Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, é um lugar que só os locais conhecem. Ali há desde concertos com bandas alternativas até sessões de poesia, lançamento de livros, exposições…

Também recomendo muitíssimo outros dois espaços onde já tocamos e eu adoro: no Porto, a Tertúlia Castelense, um lugar bem engraçado – tem um bar muito fixe em cima e uma sala de concertos embaixo, tudo com muita madeira, muito bonito, ares de cabaré; e, em Coimbra, o Salão Brazil, que tem jantares e concertos de jazz e world music.”

Vasco Condessa, Pianista da banda The Soaked Lamb

Dia 15: Lisboa

O último dia da viagem está reservado para uma região da cidade profundamente ligada à história brasileira. Ficam no bairro de Belém alguns dos grandes ícones da época das Grandes Navegações, caso da Torre de Belém, que tinha o papel de proteger os navios que entravam no estuário do Tejo; do Padrão dos Descobrimentos, monumento que simula uma caravela; e do lindo Mosteiro dos Jerónimos, onde eram celebradas as missas antes das partidas para as longas viagens.

O futurista Maat, em Belém (J.M.F Almeida/Getty Images)

Mas a lista do que fazer por lá inclui a Coleção Berardo, no Centro Cultural Belém, com obras de Picasso e Andy Warhol; as curiosíssimas carruagens da família real reunidas no ótimo Museu dos Coches, que agora está de casa nova, um edifício projetado com a participação do arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha; e o Maat, o novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia que é a cara da Lisboa do futuro.

Completam o programa um passeio de bicicleta pelas margens do Tejo (há stands de aluguel por ali), um brinde de frente para o rio no simpático carrinho do Wine with a View e, claro, uma ida aos Pastéis de Belém para provar os doces originais. Um grand (e dolce) finale.

“O Badoca Safari Park, na costa alentejana, a pouco mais de uma hora de Lisboa, é diversão para a família inteira. Meu filho Arthur, de 8 anos, adorou o passeio que, além de interação com os bichos, tem atividades divertidas, como arvorismo. Vamos voltar em breve com a família toda!”

Valéria Lima, Produtora, sócia do Studio Nuts, em Lisboa

Publicado na edição 264 da Revista Viagem e Turismo.

 

Fonte: Site Viagem e Turismo

Fotos: Seanpavonephoto/iStock / Getty Imagens

 

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