PRECONCEITOS MOVIDOS A DINHEIRO

14 jan 2018

Pessoas que  se dizem modernas e livres de preconceitos, supostas qualidades alardeadas diariamente nas mídias e redes sociais, de repente se transformam quando a serviço de determinado interesse ou alguma causa emanada dos baixos instintos.

Nos últimos dias, duas ações me chamaram a atenção: a primeira, ofensas de mau gosto, praticadas via grupos de Whatsapp, relacionadas ao nariz de uma destemida líder cultural e educacional de Ceilândia, feitas por gente que antes, por interesse e conveniência, vivia bajulando a ofendida. Os ataques foram em represália ao fato de ela não ter cedido às propostas de conteúdo reprovável de elementos que vivem de dentes arreganhados, mas têm o coração de lata.

A outra, claramente direcionada por interesses escusos contrariados, consistiu em revirar a vida íntima de uma parlamentar, estranho e súbito interesse midiático que ficou adormecido durante todo o mandato da deputada.

Ninguém questiona por que a mídia se interessa por determinada pessoa em uma ocasião e outra não, realçando aspectos da vida privada e íntima do alvo que já eram de conhecimento dos órgãos de comunicação e nunca foram considerados relevantes, até algum interessado chegar com vantagens a oferecer como se faz com um pistoleiro contratado para matar alguém.

Contavam os mais velhos, na minha terra, que o pistoleiro contratado nem conhecia a sua futura vítima, porém, ao receber parte do pagamento para realizar o serviço de matá-la, já adiantava que estava ficando com raiva do infeliz.

Com os alvos escolhidos para o abate midiático acontece a mesma coisa: o esquema de comunicação contratado, ao receber parte do pagamento, já vai sentindo uma comichão de cólera, tomando-se de raiva contra a infeliz vítima.

Não sejamos bobos: a máquina de moer reputações, como pistoleiros contratados, está à espera de quem dê mais ou à caça de quem se cuide menos.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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