Rafaela Albuquerque – “Por mais vidas preservadas no trânsito”

Sexta edição da campanha Maio Amarelo, ação mundial de conscientização sobre a violência no trânsito, terá lançamento oficial em Brasília na próxima segunda-feira (29), no Palácio do Buriti

Rafaela Albuquerque, diretora do Detran, fala sobre o Maio Amarelo. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

No trânsito, a cor amarela simboliza sinal de alerta, atenção, advertência. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2011 essa pigmentação ganhou dimensão social abrangente no Brasil e no mundo. Foi quando a Assembleia-Geral da entidade internacional decretou os nove anos seguintes como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. Nascia assim, o Maio Amarelo, o mês de conscientização sobre a violência no trânsito.

Com abertura nacional da campanha realizada na última quarta-feira (24), em Vitória (ES), e lançamento oficial em Brasília programado para acontecer na próxima segunda-feira (29), às 10h, no Salão Branco do Palácio do Buriti, há seis anos o movimento vem mobilizando o poder público e a sociedade civil no país com o objetivo, entre outras coisas, de despertar a atenção para o alto índice de mortes e feridos no trânsito.

Trata-se de uma ação em favor da vida e da valorização de escolhas conscientes individuais fundamentais que refletem no coletivo. São atitudes que ajudam a manter um ambiente seguro tanto para o condutor do veículo, quanto para pedestre, enfim, todos os atores envolvidos. Preocupações, diga-se de passagem, norteadas, este ano, pelo tema: “No trânsito, o sentido é a vida”.

Diretora de Educação de Trânsito do Detran DF (Direduc) e uma dos dois únicos representantes da causa em Brasília, Rafaela Albuquerque comenta que as ações preventivas e educativas da campanha Maio Amarelo têm contribuído de forma eficiente para reverter quadro tão preocupante. Dados do Detran-DF mostram que, comparando os quatro primeiros meses entre 2018 e 2019, até agora, a redução de mortes fatais foi de 30% e acidentes 28%. “Nosso desafio é, por meio de nossas ações, conseguir plantar a sementinha da conscientização. O foco maior é a vida de todos no trânsito”, destaca a servidora.

Ainda em entrevista à Agência Brasília, a diretora da Direduc fala do poder missionário das crianças na conscientização de tema tão vital, os desafios do trabalho educativo na área e como a criação de leis mais rigorosas têm ajudado no sucesso da ação. “São iniciativas que contribuíram para garantir uma proteção e segurança maior no trânsito”, assegura.

Que reflexão você acredita que a sociedade possa tirar do lema deste ano: “No trânsito, o sentido é a vida”?

Com o slogan deste ano a população deve acreditar que nós somos muito mais do que um carro, moto ou bicicleta, que é algo material. A ideia é trazer a questão para o lado subjetivo, emotivo. Mostrar que ali, por trás do veículo, existe uma pessoa e, consequentemente, uma vida. Estamos lidando com vidas a todo momento e é isso que realmente faz sentindo no trânsito. E o nosso foco maior é a vida de todos no trânsito.

Qual o grande desafio de vocês que trabalham com a educação no trânsito?

Nosso desafio diário é, por meio das campanhas, de nossas ações pontuais, palestras educativas e cursos, conseguir plantar a sementinha da conscientização, enfatizando sempre o quão importante o trânsito é na vida do ser humano. Também, sensibilizar as pessoas a mudarem seus comportamentos inadequados para proporcionar um ambiente seguro para todos. E o Detran vai além, no sentido de que, para a autarquia, uma vida vale muito. Utopicamente, o nosso grande sonho, missão visionária, é de que não tenhamos mais acidentes fatais.

No mês de maio as atividades na educação de trânsito serão mais intensas?

Durante esse período trabalhamos de forma nacional num regime de força-tarefa, aonde diversos órgãos que compõe o Sistema Nacional de Trânsito são mobilizados de forma direcionada em prol do Movimento. No que diz respeito a nossa parte posso dizer que estamos com muitas ações, tanto por parte da diretoria de policiamento, quanto da diretoria de educação, inclusive integrando nossas diretorias internas e com parcerias governamentais e não governamentais. Uma logística que nos permite explorar vários focos de demandas com ações de conscientização voltadas para os motociclistas, pedestres, ciclistas, celular, etc.

Temos um projeto chamado Detran nas Escolas que é um verdadeiro sucesso. Ele abraça instituições da rede pública onde capacitamos professores e alunos. Os envolvidos recebem um material virtual, são convidados a se capacitar com a gente e depois vão semear esse aprendizado nas escolas.

O envolvimento das crianças no trabalho de educação no trânsito é fundamental, sobretudo, pela mensagem de conscientização que elas levam aos pais. Com funciona isso na prática?

Temos um projeto chamado Detran nas Escolas que é um verdadeiro sucesso. Ele abraça instituições da rede pública onde capacitamos professores e alunos. Os envolvidos são convidados a se capacitar conosco e depois vão semear esse aprendizado nas escolas. A ideia é que a educação de trânsito seja trabalhada de forma transversal, assim as crianças estão aprendendo matemática, português, mas também estão abraçando as causas do trânsito. Paralelamente a esse projeto, também fazemos visitas às escolas visitamos às escolas durante as campanhas De Volta Às Aulas, por exemplo, conscientizando pais e alunos. Também realizamos ações pontuais nas escolas que nos demandam, onde realizamos atividades interativas e lúdicas.

Como a garotada tem recebido essa iniciativa já que se trata de uma temática adulta?

As crianças adoram se sentir envolvidas no contexto do trânsito e são as nossas maiores semeadoras, educando seus pais, tios, avós, enfim, toda a família, da importância do respeito às normas de trânsito. Atendemos todas as faixas-etárias. Aquelas que não sabem ler ainda, trabalhamos com material lúdico, atividades como jogo da memória, quebra-cabeça e teatro. As que já sabem ler interagem por meio de livros e informativos.

O Brasil está entre os países com o maior número de vítimas no trânsito. Em que sentido movimentos como o Maio Amarelo contribuem para reverter esse quadro?

Ajuda de forma massiva tendo em vista que a educação é a base de tudo. É através dela que podemos modificar comportamentos inadequados no trânsito e, assim, dos atores ativos deste contexto viário. É importante que cada um tenha consciência do papel que exerce no trânsito, com conhecimento dos seus direitos e deveres.

No Brasil, a questão da violência no trânsito está intimamente relacionada à falta de conscientização e de educação das pessoas? Se cada um fizesse sua parte a realidade seria outra bem diferente…

Por meio de nossas campanhas tentamos trabalhar, principalmente, a questão da autorresponsabilidade do motorista, ciclistas, pedestres, enfim, dos atores ativos deste contexto viário. Se não agirmos de forma correta, estamos sujeitos a cometer um acidente de trânsito que irá afetar diretamente a si próprio e ao próximo. É importante que cada um tenha sua consciência e a necessidade de conhecimento do papel que exerce no trânsito, com conhecimento dos deis diretos e deveres.

É importante que cada um tenha sua consciência e a necessidade de conhecimento do papel que exerce no trânsito.

Como as mudanças nas leis de trânsito com normas mais rigorosas têm ajudado o trabalho de vocês na educação no trânsito?

Foi de extrema relevância essa rigidez. Vejo como iniciativas que contribuíram para garantir uma maior proteção e segurança no trânsito com medidas pontuais e acertivas.

Fonte: Agência Brasília – Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

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