Reitoria será desocupada na manhã de segunda-feira (30), diz UnB
Após mais uma rodada de reunião, neste sábado (28), representantes da universidade e do movimento estudantil sinalizaram acordo
A desocupação da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) ocorrerá na próxima segunda-feira (30/4). A administração da instituição e representantes do movimento estudantil chegaram a um acordo após quatro horas de reunião neste sábado (28/4), informou o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques. A entrega do prédio está marcada para as 9h. Cerca de 100 alunos ainda participam da ocupação, que dura 17 dias.
Segundo Marques, os estudantes deliberaram, nesta noite, pela saída pacífica. As partes chegaram a um consenso sobre quatro reivindicações, que devem ser divulgadas em uma nota conjunta. O compromisso com a transparência das ações da UnB está presente em todos os itens da pauta, adiantou o gestor.
À frente das negociações, o chefe de gabinete da reitoria comemorou o resultado das inúmeras rodadas de conversas. “Para nós sempre é uma vitória conseguir superar os impasses com diálogo, dentro da comunidade, e não ter que usar nenhuma medida administrativa ou recorrer a outros órgãos”, destacou.
Procurada, a Ocupa UnB disse que não se manifestaria até a oficialização do acordo.
Tensão na Esplanada
Após confronto na Esplanada dos Ministérios entre polícia e alunos, o comando da UnB esperava uma desocupação imediata após a notificação extrajudicial, divulgada na quinta-feira (26), a qual cobrava o fim do movimento até as 23h59.
Os manifestantes pleiteavam a liberação de verbas para a instituição por parte do Ministério da Educação e, para isso, cobram uma reunião com integrantes da pasta. Os universitários ainda são contra o aumento de preço nas refeições do Restaurante Universitário (RU) e as demissões de terceirizados. Pediam também a manutenção de todos os estágios remunerados e bolsas de permanência estudantil, além de uma auditoria pública dos contratos de serviços terceirizados e a revogação da emenda do teto dos gastos.
A UnB vive uma das maiores crises financeiras da sua história. As contas não fecham e a estimativa é de que o rombo de 2018 fique em R$ 92,3 milhões. Para tentar equilibrar as finanças, a instituição vai precisar cortar R$ 39,8 milhões em despesas. Em contrapartida, terá de aumentar a receita em R$ 50,8 milhões, o que inclui remanejamentos orçamentários para atender às necessidades de custeio das atividades acadêmicas. A universidade ainda precisa aumentar o teto orçamentário, pois corre o risco de não conseguir usar o que captar.
Movimento começa em Planaltina
Enquanto o movimento estudantil no campus Darcy Ribeiro encaminha para a desocupação, no campus de Planaltina a situação é outra. Na sexta-feira (27), estudantes fecharam as entradas dos prédios da Faculdade UnB Planaltina (FUP) e realizaram uma assembleia, na qual decidiram entrar em greve.
Em nota, o comando de greve estudantil informou que, embora as salas de aula estarão fechadas, ações com a comunidade local, pesquisa e extensão poderão ocorrer. Alguns banheiros serão isolados porque a limpeza será realizada pelos alunos. Às 9h de segunda-feira está marcada uma reunião com os professores para negociação sobre o calendário do movimento.
A pauta de reivindicações é semelhante a do campus da Asa Norte. Os alunos da FUP, porém, também pedem a manutenção das cadeiras que representam os estudantes e a comunidade nos conselhos deliberativos da faculdade.
Confira a nota na íntegra:
Diante esses ataques à educação pública de qualidade as/os estudantes da Faculdade UnB de Planaltina se mobilizaram para barrar os cortes, realizaram uma Assembleia Geral Estudantil e deliberaram estado de greve.
1. Haverá mobilização durante os dias de greve, com ações dentro e fora da Faculdade UnB de Planaltina aberto a todos/as;
2. O motivo do piquete instaurado (na sexta 27/04), foi devido aos professores não respeitaram o estado de greve dos estudantes e dos servidores, a partir da assembleia dos estudantes, foi votado que ações com a comunidade local, pesquisa e extensão poderão ocorrer, mas não haverá a utilização das salas de aula;
3. Foi construído um Comitê de Greve, que está aberto a conversas a fim de promover união entre toda a comunidade acadêmica e está responsável pela organização do calendário de atividades semanais;
4. O Comitê de Greve se divide em comissões de: ação e mobilização, comunicação, manutenção, segurança, cultura e demandas, e estão convocando estudantes para participarem das comissões;
5. Alguns banheiros serão isolados, pois a limpeza será realizada por estudantes de acordo com a demanda, dentro comissão de manutenção (Afinal os terceirizados estão em greve);
Fonte: Metrópoles
Foto: Igo Estrela/Especial para o Metrópoles