Rollemberg perde pelo menos 17 nomes do alto escalão para as eleições

 

Secretários, adjuntos, administradores e presidente de estatal deixam o Executivo até 7 de abril. Governo não tem plano de substituição

Até a próxima sexta-feira (7/4), o Governo do Distrito Federal perderá quadros importantes da atual administração. Segundo a lei eleitoral, ocupantes de cargos públicos com pretensões de concorrer nas urnas em 2018 devem se desincompatibilizar das funções seis meses antes do pleito. A regra movimentará a cena política e administrativa da capital do país: pelo menos 17 integrantes do alto escalão do GDF integram o grupo que irá debandar do Executivo.

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) pode perder nomes importantes, como a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos. Ela ainda não confirmou a saída, mas a expectativa é que deixe a pasta. Mesmo sem a certeza se disputará cargo eletivo, a secretária deve se afastar do primeiro escalão a fim de se tornar uma carta na manga do atual comandante do Buriti. Existem hoje duas possibilidades: ou Leany assume uma eventual candidatura ou é cogitada para a coordenação da campanha de Rollemberg.

Embora a assessoria do governo garanta não ter planos de substituição de nomes estratégicos, vai ter que se preparar para fazer as trocas e dar prosseguimentos a projetos. Outros chefes de áreas estratégicas da atual gestão se preparam para testar os nomes nas urnas. Secretários, adjuntos, administradores, subsecretários e presidente de estatal anunciam o desembarque do GDF nos próximos dias.

A secretária de Projetos Estratégicos, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), ainda não decidiu a qual cargo concorrerá, mas deixará o Executivo na próxima segunda-feira (2). Uma ala regional tucana defende que a ex-governadora encabece uma possível candidatura ao Palácio do Buriti ou mesmo seja acolhida na chapa de reeleição de Rollemberg, como candidata à vice-governadora. Abadia, contudo, tem resistência aos ambiciosos planos dos aliados e deve concorrer a uma vaga à Câmara dos Deputados. “Sei que serei candidata, só não defini ainda”, afirmou.

Considerado um dos mais próximos a Rollemberg, o atual secretário das Cidades, Marcos Dantas, testará a popularidade do trabalho nas urnas. Filiado ao PSB, Dantas disputará também uma cadeira de deputado federal. Da mesma pasta, outro aliado importante do governador, o subsecretário de Mobiliário Urbano e Participação Social, Marlon Costa (PSB), se desligará da função para dedicar-se ao sonho de conquistar mandato na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

“Tomei a decisão por desejar continuar servindo à população, como fiz quando administrador de duas cidades e secretário em três pastas diferentes. Quero fazer isso de forma ética, com reputação e confiança, características que carrego na trajetória da minha vida”, disse Dantas sobre a estreia nas eleições, embora seja militante do partido há 20 anos.

Surpresas e desistências
A secretária de Esporte, Turismo e Lazer, Leila Barros, deixou o PRB e agora busca uma sigla para se candidatar. Há uma grande probabilidade de ela fechar com o PSB de Rollemberg. No entanto, Leila analisa possibilidades. A ex-jogadora de vôlei pretende se candidatar para conquistar a titularidade de uma das 24 cadeiras da Câmara distrital, no entanto, a legenda tenta convencê-la a disputar a Federal ou o Senado.

A ex-atleta é também uma importante aliada do governador e passará a bola para Jaime Recena. Apesar de ser cotado como possível candidato, o secretário-adjunto de Turismo recuou da disposição de concorrer em outubro e deve assumir o espaço deixado por Leila.

Considerado um coringa dentro do governo, o secretário de Meio Ambiente, Igor Tokarski (PSB), começa a esvaziar as gavetas para dedicar-se exclusivamente ao desafio de conquistar uma vaga na Câmara Legislativa. O advogado foi candidato a deputado federal nas últimas eleições, em 2014, mas obteve 7.161 votos e não se elegeu.

Secretário da Criança, Aurélio Araújo (PV) é ligado ao grupo político do deputado distrital professor Israel Batista (PV), o qual tentava construir uma campanha para a Câmara dos Deputados e deixaria o espaço livre para Araújo herdar os votos. No entanto, o parlamentar ainda não cravou o futuro político, o que levará o secretário a se afastar do cargo, mas sem anunciar oficialmente uma candidatura. “Minha saída do governo é por motivos pessoais. Não serei candidato”, justifica Aurélio.

A Controladoria-geral do DF também perderá um quadro fixo. O chefe da CGDF, Henrique Ziller, tenta novamente uma vaga na CLDF. Ele se desincompatibiliza na próxima sexta-feira (6). No lugar dele, fica interinamente o controlador-geral adjunto Marcos Tadeu de Andrade.

Ex-filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), o secretário-adjunto de Ciência e Tecnologia Thiago Jarjour deixou a sigla para manter seu apoio a Rodrigo Rollemberg, quando pedetistas decidiram abandonar a base do governo. Ainda sem partido, ele sai do Executivo para concorrer a uma vaga de distrital, no dia 6 de abril, . Jarjour ocupou a Secretaria-Adjunta de Trabalho grande parte da atual gestão. “Vou manter a coerência de apoiar o governador”, adiantou Jarjour.

 

Baixa na TCB e subsecretarias
Presidente da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), André Brandão (Podemos) deixará a gestão de ônibus urbanos em busca de um espaço próprio também na Câmara Legislativa. Até então, Brandão era o homem de confiança do deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos), mas as intenções do integrante do GDF de também querer um mandato distanciou os dois ex-aliados.

Ainda sem definir o grupo político pelo qual deve seguir, Brandão tem conversado com lideranças ligadas tanto a Rollemberg quanto ao ex-governador José Roberto Arruda (PR). O gestor manteve ainda conversas com integrantes do Partido Novo.

Apesar de ocupar cargo de menor destaque em comparação aos já citados, o subsecretário de Direitos Humanos, da Secretaria do Trabalho, Rodrigo Dias (PSB), ganhou espaço dentro do governo ao deixar o papel de assessor para assumir o atual posto. Bem relacionado com a juventude e militantes da área, Dias é também aposta do PSB para conquistar uma cadeira no Legislativo local.

Com bandeira voltada às questões de gênero, a subsecretária de Política para Mulheres Raíssa Rossiter (PSB) tentará ser eleita para o cargo de deputada federal. O subsecretário de Educação Básica, Daniel Crepaldi, também comunicou aos correligionários socialistas que concorrerá à CLDF.

Nas administrações
Além dos secretários, pelo menos seis administradores deixam os postos para tentar a sorte em outubro. A maioria será aspirante a distrital. São eles: os administradores do Riacho Fundo II e da Fercal, Charles de Magalhães Araújo Júnior (Pros); do Gama, Maria Antônia Magalhães (Solidariedade);  do Park Way, Núcleo Bandeirante e Candangolândia, Roosevelt Vilela (PSB); do Lago Norte, Marcos Woortmann (Rede) e do Lago Sul, Alessandro Paiva (PSB).

Fica para a próxima
Apesar de intensas investidas para levantarem a bandeira partidária nas urnas, outros nomes estratégicos do governo decidiram adiar o início do projeto eleitoral próprio. Presidente da Companhia Urbanizadora do Distrito Federal (Novacap), Julio Menegotto (PSB) permanecerá na empresa pública e tentará conciliar a agenda pública com os compromissos políticos. Influente dentro do GDF, Menegotto integrará a coordenação da campanha para o projeto de reeleição de Rodrigo Rollemberg.

Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP), Tiago Coelho é também comandante do diretório regional do PSB. Apontado pelos correligionários como possível nome na disputa eleitoral de 2018, Coelho descarta a possibilidade. Segundo ele, o acordo selado no comando do PSB-DF era que o presidente eleito abrisse mão da candidatura própria. “Decidimos unir forças e lutar pelo projeto principal, que é a reeleição do governador, além de montar uma bancada forte na CLDF e na Câmara Federal”, explicou.

O nome do presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), Gilson Paranhos, também foi cogitado por diversas frentes, mas ele negou ao Metrópoles a possibilidade de concorrer: “Temos um trabalho importante para concluir no Executivo. Não vou deixar o governo”, afirmou.

Risco de paralisação
Para o advogado eleitoral, especialista em políticas públicas e professor de ciências políticas Emerson Masullo, essas mudanças ocorrem em diversas posições do Executivo não só local, mas nacional. No entanto, em termos de políticas públicas, em cargos de livre nomeação e exoneração, quando as pessoas deixam postos-chaves é preciso repor rapidamente. “Há uma dificuldade do poder público em buscar nomes correspondentes, com competência técnica e afinidade política. Se a escolha para a reposição não for rápida, corre-se o risco de gerar uma redução ou paralisação nas atividades do governo”, analisou.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Arte/Metrópoles

 

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