S.O.S Autódromo Nelson Piquet
Quando vamos recuperar o Autódromo Nelson Piquet?
Fechado desde 2014, o Autódromo Nelson Piquet passa por estudos técnicos para a eventual concessão. Nenhuma competição está prevista para 2018
Fechado há três anos, o Autódromo Internacional Nelson Piquet passa por estudos de viabilidades técnicas desde novembro. O levantamento — comandado pela empresa Dubois & Co. e com prazo de entrega até março — representa o primeiro passo do Governo do Distrito Federal para repassar a administração do local a uma empresa particular, por meio de uma parceria público-privada (PPP). A terceira reportagem da série sobre a crise do automobilismo nacional mostra os esforços do Buriti para se livrar dos custos de manutenção do local, conseguir investimento para o espaço e reforçar os cofres públicos. Clique aqui para ver os outros capítulos.
O objetivo é que a eventual parceira do GDF reforme instalações e construa outras — como os boxes, pois os antigos foram demolidos. Em contrapartida, poderá explorar espaços comerciais, como lojas e restaurantes. A finalidade de uso da área foi flexibilizada pelo Plano de Uso e Ocupação do Solo do Setor de Recreação Pública Norte (PUOC-SRPN).
A demora em definir a situação do espaço deixa apreensivo quem trabalha com o esporte a motor na capital. “Sem o autódromo, sem o automobilismo regional, o jovem não terá a chance de começar a correr, não tem futuro. Fecharam a nossa ‘universidade’”, afirma Amir Nasr, chefe de uma das mais tradicionais equipes da cidade, a Amir Nasr Racing. “Não vamos conseguir formar mais ninguém sem isso aqui funcionando. É assustador ver o autódromo nessa condição.”
Foram finalizados somente 40% da reforma prevista para a pista. O asfalto, porém, acabou sendo todo arrancado no restante dela, o que inviabiliza qualquer competição. O circuito brasiliense costumava sediar provas da Stock Car, do Campeonato Brasileiro de Marcas e da Fórmula 3, além da Fórmula Truck (de caminhões). Agora, recebe raros eventos de drift e de arrancada. “Fazem, em média, dois ou três eventos por ano. Algumas pessoas vão lá fazer fumaça, manobra, mas isso não é automobilismo”, relata Luiz Caland, presidente da Federação de Automobilismo do Distrito Federal (FADF).
A reportagem não conseguiu localizar a Dubois & Co. para comentar as informações. O único telefone disponível para contato, registrado no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), da Receita Federal, é da firma que faz a contabilidade da companhia.
Oportunidades perdidas
Sem a estrutura necessária, a Fórmula Indy cancelou a etapa que faria em Brasília na temporada 2015. A prova seria a primeira do calendário daquele ano. Desde então, nenhuma competição importante ocorreu na cidade.
O autódromo está fechado desde dezembro de 2014. A reforma proposta pelo GDF, à época sob o comando do governador Agnelo Queiroz, custaria mais de R$ 150 milhões e a intenção era receber os principais eventos do esporte a motor no mundo. A Fórmula 1 seria a cereja do bolo. A licitação para a obra, porém, acabou cancelada, e o GDF deu início ao processo de parceria público-privada.
Ameaça de perder a F-1
Se o autódromo de Brasília está em compasso de espera pela definição do seu destino, o de Interlagos encara a ameaça de perder a prova de Fórmula 1, evento que sedia há 35 temporadas. O circuito paulista é o único do país apto a atender as exigências da principal categoria do automobilismo mundial.
A Prefeitura de São Paulo tem contrato com a F-1 até 2020, mas um projeto do prefeito João Doria para privatizar o local impede a assinatura de um novo compromisso. O texto foi aprovado na primeira votação na Câmara de Vereadores e precisa de uma segunda rodada de aprovação antes de ir para a sanção do prefeito. Doria prometeu que o contrato será cumprido até 2020, porque a empresa vencedora terá essa obrigação, e disse confiar que a disputa da F-1 seja mantida na cidade.
Uma pesquisa realizada no site oficial da F-1 mostrou que o Grande Prêmio do Brasil foi a segunda prova mais apreciada por turistas estrangeiros na temporada 2017, com 83% das avaliações da corrida como “muito agradável”, um ponto percentual a menos que as do GP do México. Os pontos positivos foram boa visão do circuito, proximidade dos carros, atmosfera, organização, som dos motores e disputa pela vitória.
Os problemas de segurança na região, porém, preocupam bastante. No GP Brasil deste ano, funcionários da Mercedes foram assaltados. “Acontece todo ano aqui. A F-1 e os times precisam fazer mais. Não há desculpa”, postou, na ocasião, o tetracampeão Lewis Hamilton, piloto da escuderia alemã.
Fonte: Correio Braziliense