Saiba quais distritais ficaram “mais ricos” e os que “empobreceram”

 

Declarações de Imposto de Renda divulgadas pelos deputados revela os políticos com maior – e menor –
variação patrimonial entre 2016 e 2017

Na contramão da crise econômica que assolou o trabalhador comum nos últimos anos, 2017 foi um período de bonança para ao menos 15 dos 24 distritais. Segundo as declarações de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dos parlamentares publicadas esta semana no Diário da Câmara Legislativa (CLDF), esse grupo viu o patrimônio aumentar na comparação de um exercício financeiro para o outro. Em contrapartida, quatro deputados registraram perdas, outros quatro não apresentaram variação expressiva e um não divulgou os dados (confira a arte abaixo).

Formado em economia e servidor aposentado do Senado Federal, o líder do governo na CLDF puxa o bonde dos “distritais investidores”. Em 2016, ele declarou R$ 7.604.054,72. Em 2017, a importância saltou para R$ 8.247.334,51. A variação, de R$ 643 mil, foi a maior em valores brutos.

Agaciel Maia (PR) tem, segundo a declaração de IRPF, nove imóveis, entre fazendas, sítios e casas. As propriedades estão espalhadas no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no Distrito Federal.

Uma delas é a mansão onde Agaciel mora, na QL 6 do Lago Sul, que rendeu denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por crime ambiental – ele e a mulher são acusados de avançar a propriedade sobre área de preservação permanente às margens do Lago Paranoá. A luxuosa residência, segundo a declaração de IRPF, está avaliada em R$ 912.460,00.

Mas os recursos que puxaram a maior alta nos informes de Agaciel Maia vêm de um fundo de investimento da Caixa Econômica Federal: o saldo de R$ 673,20, apontado em 2016, saltou para R$ 1.700.050,08 no ano seguinte.

 

Casas DF afora
Em segundo lugar na lista dos distritais que tiveram motivos para sorrir ao se comparar as declarações de Imposto de Renda, está o vice-presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB). A exemplo do colega Agaciel, o emedebista possui nove imóveis, todos no DF. São três casas em Santa Maria, duas no Setor de Mansões Park Way, duas na Colônia Agrícola Vereda Grande – em Águas Claras –, uma no Riacho Fundo e uma chácara no Lago Sul.

Segundo o informe à Receita Federal, com a valorização das propriedades após reformas, os bens de Wellington passaram de R$ 2.136.500 para R$ 2.772.500. O aumento bruto é de R$ 636 mil.

Obras em imóveis também ajudaram Telma Rufino (Pros) a ver o patrimônio valorizado. Somando as intervenções nas três propriedades da distrital e o dinheiro em espécie que ela tem guardado em casa, os bens declarados subiram de R$ 1.119.000,00 para R$ 1.299.000,00.

Na trave: a quase milionária
Luzia de Paula (PSB) quase entrou para o time dos distritais milionários. Seu patrimônio declarado em 2016 foi de R$ 785.140,67. No ano passado, alcançou R$ 968.657,84. O montante é justificado com um investimento em renda fixa no Banco de Brasília (BRB).

Os investimentos do ex-servidor público e economista Wasny de Roure (PT)também renderam frutos. A compra de um terreno da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), por meio de licitação, e aplicações bancárias garantiram ao petista evolução patrimonial de R$ 641,6 mil para R$ 789,2 mil entre 2016 e 2017.

O chapéu de Lira
Quem também teve uma variação de patrimônio expressiva em valores brutos é Lira (PHS). O “deputado do chapéu”, assim conhecido por frequentemente trajar o acessório em plenário, declarou R$ 47.500 em 2016 e R$ 157.081,47 no ano passado: um salto de R$ 109.581,47.

A cifra é justificada pelo aumento do capital social da empresa do parlamentar, a MPB & Promoções Artísticas, de R$ 19 mil para R$ 120 mil. Segundo consta na declaração de IRPF, “incremento a título de investimento de sócio, que será inserido no contrato social […] no exercício seguinte”.

A casa de Lira em São Sebastião também valorizou após reformas, e o valor declarado saltou de R$ 9,5 mil para R$ 37.081,47.

R$ 1,60 mais rico
Além dos 15 deputados que tiveram evolução patrimonial expressiva, quatro apresentaram pouca ou nenhuma variação. É o caso de Reginaldo Veras (PDT) e Celina Leão (PP), que ficaram, respectivamente, R$ 5 mil e R$ 1,9 mil “mais ricos”.

Curiosos são os números de Chico Vigilante (PT). Os R$ 193.023,48 informados à Receita Federal em 2016 saltaram para R$ 193.025,08 em 2017. Uma diferença de modestos R$ 1,60.

No caso de Juarezão (PSB), o valor ficou zerado: os R$ 700 mil declarados há dois anos foram repetidos no exercício financeiro seguinte.

Um divórcio e quatro “reprovados”
Se a Câmara Legislativa fosse um curso para investidores, quatro alunos teriam sido reprovados. Quem puxaria a fila é Sandra Faraj (PR), que viu os R$ 265.215,06 declarados em 2016 serem reduzidos para R$ 175.277,95 no ano seguinte. O “prejuízo” é de R$ 89.937,11. A diferença é explicada na comparação de aplicações bancárias de um ano para outro.

Entre as declarações dos distritais, uma chama atenção: a de Professor Israel Batista (PV). Em 2016, ele informou ao Leão ter R$ 72.994,19, referentes a um veículo Fiat Punto 1.4. Em 2017, declarou possuir “zero reais”.

Segundo a assessoria do parlamentar, o automóvel era o único bem do deputado e ficou com a ex-mulher dele após o divórcio.

Logo atrás de Sandra e Batista vêm Robério Negreiros (PSD) e Julio Cesar (PRB), que “empobreceram”, respectivamente, R$ 27.826,84 e R$ 15.891,45. Nos dois casos, a variação dos valores é justificada pela redução de saldos em contas e aplicações bancárias.

Dos 24 distritais, apenas a declaração de IRPF de Cláudio Abrantes (PDT)não estava disponível. O deputado entregou a documentação nessa quinta (17/5), mas a papelada ainda não havia sido disponibilizada no Diário da Câmara Legislativa até a última atualização desta matéria.

Outro lado
Todos os deputados citados foram procurados pela reportagem. Segundo Wellington Luiz, os ganhos se justificam pelo salário na Câmara Legislativa e por proventos da aposentadoria. “Antes, eu tinha apenas os ganhos de distrital. Como em 2016 me aposentei [da Polícia Civil], no ano seguinte os dois salários foram somados”, afirmou.

Assessores de Telma Rufino disseram que “o aumento dos bens foram decorrentes de empréstimos feitos junto ao BRB” e “declarados mediante a apresentação de contratos entregues à Receita Federal”.

De acordo com assessoria de Luzia de Paula, a evolução patrimonial da deputada é decorrente de “aplicações financeiras feitas no Banco do Brasil e que tiveram rendimentos positivos no ano de 2017”.

Wasny de Roure afirma, por meio de assessores, que a variação verificada ocorreu devido a uma “compra de terreno da Terracap, por meio de licitação, e investimentos bancários”.

No caso de Lira, a assessoria diz que o aumento no patrimônio é “decorrente de diversos empréstimos feitos pelo parlamentar e também por uma reforma em sua casa, que foi computada na prestação de contas ao Leão”.

Os demais citados não haviam respondido aos questionamentos da reportagem até a última atualização deste texto.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Michael Melo/Metrópoles

 

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