Saúde de Goiás realiza 6 mil testes do pezinho por mês

Exame feito em recém-nascido é essencial para a detecção de doenças raras e graves. Programa prevê diagnóstico, confirmação, tratamento e acompanhamento da criança, na Apae de Anápolis

Divulgação/SES-GO

A dona de casa Luciana Auxiliadora da Silva, de 40 anos, não esquece do momento especial que vivenciou no dia 15 de agosto do ano passado, quando se dirigiu com a filha Letícia, na época com apenas 5 dias, ao Centro de Saúde do Jardim Guanabara, em Goiânia, para realizar o teste do pezinho. O exame, um dos primeiros ao qual o recém-nascido é submetido, é essencial para proporcionar aos pais ou responsáveis a certeza de que a criança terá um desenvolvimento pleno e saudável.

Como o nome indica, o teste do pezinho é realizado por meio de amostra de sangue coletada no pé do bebê entre o terceiro e quinto dia de vida. Ele é capaz de detectar precocemente seis doenças genéticas, todas de natureza grave. O exame constitui um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA. Em Goiás, o material pode ser coletado em uma das 1.321 unidades básicas de saúde dos 246 municípios goianos e, ainda, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais, caso o bebê esteja internado.

Depois da coleta, os cartões com as amostras de sangue desidratado são postados por profissionais das unidades de saúde em envelopes franqueados para o Laboratório Especializado de Triagem Neonatal da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em Anápolis. A entidade, dotada de equipamentos de última geração, é habilitada pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES) como referência no Estado para a realização do exame. Todos os meses, o laboratório faz a análise dos testes de aproximadamente 6 mil crianças.

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Tratamento precoce

A coordenadora de Triagem Neonatal da Superintendência de Atenção Integral à Saúde (SAIS) da SES, Eliane Santos, enfatiza que o teste do pezinho pode mudar o futuro de uma criança. O exame é capaz de identificar a ocorrência de hiperplasia adrenal congênita, hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doenças falciformes e outras hemoglobinopatias, fibrose cística e deficiência da biotinidase.

Eliane Santos destaca que a grande maioria dos exames tem resultado negativo. Cada uma das seis enfermidades tem prevalência diferente. “São doenças raras, mas que, vistas em conjunto, tornam-se frequentes”, destaca. Quando o resultado é positivo, continua, os pais ou responsáveis são informados por uma equipe habilitada da Apae em uma sessão denominada aconselhamento familiar. “Apesar de traumática, a constatação de uma doença tem o mérito de proporcionar que ela seja cuidada precocemente, o que contribui para a maior resolutividade do tratamento”, enfatiza.

Por coincidência, Luciana Auxiliadora levou a filha para a realização do teste do pezinho na data em que é comemorado, em todo o País, o Dia da Gestante, em 15 de agosto. “Senti uma sensação de alívio e alegria quando vi, alguns dias depois, que o resultado do exame da minha menina tinha sido negativo”, sublinha. Ela acentua que a criança é, para ela e para o marido, o motorista Nilton Lourenço Alves Filho, de 32 anos, “um presente enviado por Deus”. Luciana conta que desfrutou o máximo possível da gestação, preparando-se para o tão esperado nascimento da menina e para os dias que vivenciaria posteriormente.

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“O melhor e mais abrangente programa desenvolvido pelo SUS”

Todo o processo relacionado ao teste do pezinho segue um padrão internacional. A coordenadora de Triagem Neonatal da Sais, Eliane, destaca que o Programa Nacional de Triagem Neonatal, no qual está inserido o teste do pezinho, é considerado o melhor programa desenvolvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no País, pelo fato de possibilitar o diagnóstico, a confirmação diagnóstica, o tratamento e o acompanhamento da criança que tem a doença até a fase adulta. Além do teste do pezinho, fazem parte do programa outros testes, como o do olhinho e o da orelhinha.

A coordenadora da SES informa que a Apae em Anápolis dispõe de equipes multidisciplinares para tratamento e acompanhamento dos pacientes de cada uma das seis patologias diagnosticadas. Tais equipes são compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. O programa tem início com a realização do teste do pezinho. O resultado, quando negativo, pode ser acessado pela internet. Caso haja qualquer tipo de alteração no laudo, a equipe da Apae entra em contato com o servidor responsável pelo exame, na unidade básica de saúde, para que seja feita uma busca ativa que possibilite a localização da criança.

“Se a suspeita da existência da doença for leve, faz-se uma nova coleta do sangue do bebê para um novo exame no cartão, com a amostra desidratada”, informa Eliane Santos. Se a hipótese for moderada, a criança é submetida a um exame sorológico. Nesta semana, por exemplo, a monitora Natalina Luiza Ferreira, de 45 anos, levou o neto, Luiz Felipe, de 2 anos e 4 meses, para a realização de exames no laboratório da Apae. Ela contou que o teste do pezinho, feito logo após o nascimento do garoto, teve resultado negativo. Apesar disso, a criança apresenta tosses frequentes que não melhoram com o uso de antibióticos. O pediatra admitiu a possibilidade de fibrose cística e encaminhou o garoto até a unidade.

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Tratamento

Quando as análises do teste do pezinho têm fortes indícios de existência de doenças genéticas, o bebê é referenciado para o Ambulatório Multidisciplinar Especializado (AME) da Apae, em Anápolis. Caso a doença seja de fato confirmada, a criança é inserida no sistema, atendida, medicada e integrada ao programa. Atualmente, cerca de 1,8 mil pessoas estão em tratamento para uma das seis doenças genéticas detectadas pelo teste do pezinho na Apae de Anápolis.

O Programa Nacional de Triagem Neonatal é desenvolvido com recursos governamentais necessários ao pagamento de exames de triagem, os exames confirmatórios, os necessários para diagnóstico tardio e ainda o acompanhamento de pacientes nos Serviços de Referência em Triagem Neonatal. Os bebês que não moram em Anápolis são incluídos no programa Tratamento Fora de Domicílio, que arca com despesas de hospedagem, transporte e alimentação.

Fonte: Comunicação Setorial da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás

Fotos: Erus Jhenner – Comunicação Setorial

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