Sem pedidos para trens, indústria pede renovação de concessões
Intuito é que setor ganhe fôlego e possa receber investimentos de ao menos R$ 25 bilhões nos próximos anos
Sem novos pedidos para o ano que vem ligados ao transporte de passageiros, as indústrias ferroviárias pedem a antecipação da renovação das concessões para que o setor ganhe fôlego e possa receber investimentos de ao menos R$ 25 bilhões nos próximos anos.
Na avaliação do presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, a renovação antecipada das concessões permitirá que as empresas mantenham os investimentos nos próximos anos e injetem esse montante no setor.
“São cinco concessionárias com renovação antecipada prevista em contratos e agora há contrapartida, que não tinha nos contratos iniciais de investimentos. São R$ 25 bilhões [de investimentos] para fazer em cinco anos. São investimentos imediatos, pois são prementes”, afirmou.
A expectativa do setor é que a Rumo renove, na área paulista, a concessão ainda neste ano e que ela funcione como “espelho” para as demais.
Entre as melhorias que Abate cita com a renovação antecipada está a duplicação do trecho entre Itirapina e Sumaré, de 110 quilômetros. Com isso, de Itirapina, uma das bases da Rumo, até Santos estará tudo duplicado e a capacidade de carga passará de 30 milhões de toneladas para 75 milhões.
“Todos esses investimentos, não só da Rumo, mas os demais, serão feitos antes de acabar o prazo atual, que terminaria de 2026 a 2028. Por outro lado, se esperar terminar o prazo, os investimentos vão minguando. Todos sofrem, o próprio transporte ferroviário, a indústria. É um fôlego que se dá.”
Em 2014, foram produzidos 4.703 vagões de carga, número que neste ano não chegará a 3.000. O recorde é de 2005, com 7.597.
Há, ainda, sete projetos de expansão de trechos ferroviários, o que pode fazer os investimentos serem retomados.
A EPL lançou o PNL (Plano Nacional de Logística), que propõe aumentar a participação do transporte ferroviário de carga na matriz brasileira para 31%, em 2025.
Hoje, esse índice é de 18%, segundo a Abifer, e de 20,7%, segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte).
SEM PEDIDOS
Se no transporte de cargas há algumas expectativas, o mesmo não se pode dizer do setor de transporte de passageiros.
Para o ano que vem, se não houver mudanças, o mercado deverá sentir muito, segundo a Abifer.
“Nossas principais fabricantes de trens, VLTs, metrô, monotrilho e metropolitano têm para este ano saldo de 300 carros para serem entregues, volume semelhante ao do ano passado. Mas para 2019 não têm nada.”
Em 2017 foram produzidos 310 carros de passageiros, volume inferior aos 473 do ano anterior, recorde na indústria nacional. A previsão indica o pior ano para o setor desde 2013, quando foram fabricados 219 carros.
No caso do transporte de passageiros, entre a encomenda e a primeira entrega há um prazo de um ano e meio, fato que, na avaliação de Abate, é mais um indicativo da crise que o setor poderá enfrentar no ano que vem.
Com informações da Folhapress.
Fonte: Notícias Ao Minuto
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