Servidores da Saúde protestam contra corte de refeições no plantão
Ato ocorreu na noite de quinta-feira (7/6), no Hospital Regional de Santa Maria (HRSAM), contra decisão de reduzir alimentação em hospitais
Após a decisão da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) de cortar refeições noturnas para plantonistas em unidades de atendimento, os servidores da pasta fizeram uma manifestação na noite de quinta-feira (7/6), no Hospital Regional de Santa Maria. O grupo se aglomerou na porta do refeitório para criticar a deliberação da SES.
Em vídeo obtido pelo Metrópoles, um dos funcionários relata que, por volta das 19h50, não foi servido o lanche para os plantonistas. De acordo com o aviso fixado na entrada do refeitório, a partir de quinta (7), apenas os médicos residentes poderiam ter acesso à alimentação noturna.
“Só queremos os direitos que sempre tivemos. O que percebemos é uma tentativa clara do governador economizar em cima da refeição do servidor”, diz o funcionário na gravação.
“Estão nos discriminando”, diz outra trabalhadora no áudio. “Esperamos que as autoridades competentes tomem providência para que o servidor tenha ao menos alimentação na hora de trabalhar”, completa outro.
Veja o vídeo:
A decisão está respaldada na Portaria n° 501.28/2018, assinada pelo atual comando da pasta. Aos plantonistas que cumprem um regime de 12 horas, foi cortado o direito de jantares e lanches diários. Apenas a ceia foi mantida, segundo o documento firmado pelo diretor-administrativo André Luiz Correa da Silva.
A Controladoria-Geral do Distrito Federal argumenta que os profissionais da pasta recebem o benefício em duplicidade: no contracheque e nas unidades de saúde.
Leia a íntegra do documento:
Circular Sanoli – Portaria SES-DF by Metropoles on Scribd
A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, reagiu à medida ao explicar que os servidores não conseguem deixar os hospitais para se alimentar. Segundo ela, é uma crueldade deixar por 12 horas seguidas quem cuida de pacientes com apenas uma refeição, na maior parte das vezes “fraca”.
“Nós não trabalhamos em escritório, trabalhamos com pacientes que precisam de assistência 24 horas. Não podemos nos ausentar dos hospitais. É uma proposta bem irresponsável” Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde
Nilton Batista, diretor do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate), afirmou que o Governo do Distrito Federal agiu de forma grotesca. “É uma perseguição contra os trabalhadores. Não tem como fazer atendimento com fome”, disse.
Batista explica que o auxílio-alimentação atual é de R$ 394, valor insuficiente para atender às necessidades dos plantonistas. “Se for pagar almoço, jantar e café da manhã, é inviável. Além disso, a maioria dos hospitais não tem alimentação nem restaurante dentro das unidades”, completou.
O outro lado
Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde informou que “servidores que fazem plantão de 12 horas são autorizados a realizar refeições nos refeitórios dos hospitais. Pelo novo contrato firmado com as empresas de fornecimento de alimentação hospitalar, funcionários que fazem plantão diurno têm direito ao almoço, e plantonistas do período noturno contam com a ceia, sendo que a composição dessa refeição foi reforçada”.
Ainda de acordo com o texto, a pasta reforçou que “todos os servidores recebem auxílio-alimentação mensalmente”.
Fonte: Metrópoles
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles