SÓ UM GOLPE SALVA O PT

 

Flagrados com a mão na cumbuca, os dirigentes do partido da moral e da ética ficaram sem argumentos fáticos para se defender perante o povo e a militância em geral. E agora, José? Façamos de conta que tudo é um sonho.

Conta-se o sonho de que os inimigos, não suportando o sucesso do maior partido de esquerda das Américas, montaram uma trama diabólica para criminalizar suas ações:

– A corrupção e o roubo sempre existiram. Não há razão para investigar e punir os companheiros. Se um juiz qualquer insiste nisso, certamente estará a serviço das forças imperialistas e dos inimigos do povo.

Para blindar os dirigentes como heróis e dar à militância um ar de guerrilheiros, para que suportem a vergonha de defender a corrupção e o assalto aos cofres públicos, quando até dia desses se vangloriavam de ser honestos e acusavam os adversários de ladrões, volta-se no tempo pré-1964, vislumbram golpes de estado, estados de sítio, baionetas escaladas, fuzis e metralhadoras:

– Lutamos contra a opressão dos poderosos. Estamos sendo esmagados pela força do capital. Travamos a luta de guerrilhas. Cada militante é um combatente de uma causa nobre. Tudo não passa de mentiras deslavadas. A verdade é relativa, está na cabeça de cada ser humano. O bem e o mal não existem. Lembremos de Leonal Brizola, resistindo no Rio Grande do Sul. Criemos novamente a Cadeia da Legalidade. Cada militante com Facebook, Instagram e Whatsapp é uma emissora de rádio. Cadê o golpe militar que não vem? Não está tão rápido quanto em 1964. Por que será?

Veremos como termina o sonho, após o julgamento no Tribunal Federal do Rio Grande do Sul. O Judiciário é fascista? Como fechá-lo? Chamem Lênin, Stálin, Polpot, Fidel, Che Guevara ou Hugo Chavez!  Não, mais fácil seria com Kim Jong-un e Nicolás Maduro, que estão vivos.

Cadê o golpe que não vem para justificar o heroísmo do militante? Esse estado de direito é mesmo um horror! Como ousa julgar Lula?

 

Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

Deixe seu comentário