“Superdelegacia” não passa de jogada de marketing para promover aliados ao governo
Da Diretoria Executiva
As delegacias inauguradas nos últimos três anos sob a gestão de Eric Seba e Rodrigo Rolemberg até hoje não produziram o resultado anunciado nas inaugurações. A dez meses das eleições, a estratégia de confete e serpentina continua.
As inaugurações de duas novas coordenações servem apenas para desviar a atenção do problema de haver quase duas dezenas de delegacias fechadas – em razão da falta de efetivo – e dar um recado aos adversários políticos.
Servem também para retirar dos cargos de chefias as pessoas que não são alinhadas com a política do atual diretor-geral da PCDF e premiar alguns mais próximos do atual governo.
Normalmente, os delegados que assumem as tais coordenações e novas divisões recebem, na prática, um aumento de salário. E agarrados a esse aumento real fazem de tudo para permanecerem no cargo, em um momento de crise financeira pela qual passa todo o restante da Polícia Civil. Uma ou outra operação bastam para dar um ar de que a Polícia Civil está satisfeita e produzindo, quando esta não é a realidade.
Agora inventam, em uma verdadeira jogada publicitária, uma nova ideia de “superdelegacia” por que querem apresentar à sociedade um “superdelegado”. E alçam ao estrelato algumas pessoas que possuem forte rejeição junto a categoria dos policiais civis justamente em razão de sua vaidade, superego, centralismo, ambições e arrogância. Atitudes que em nada combinam com um “super-herói”.
Não há superdelegacia, nem superdelegado, nem superpoliciais.
Há uma cortina de fumaça vendida pela direção geral da PCDF para fugir à realidade de quase vinte delegacias fechadas, mal atendimento em razão do reduzido efetivo, baixa produtividade no momento de aumento da criminalidade e superdesmotivação de toda uma categoria com a má gestão e a falta de valorização e de reconhecimento por parte do governo.
Assim como as novas delegacias já inauguradas pelo atual diretor geral e pelo governador não trouxeram nenhum resultado prático, as novas unidades também não o trarão. Pelo contrário, o mesmo número de policiais terá que cuidar de uma gama ainda maior de naturezas criminais.
A estratégia da atual direção-geral de abandonar as delegacias circunscricionais e demais unidades da PCDF para investir em apenas algumas delegacias especializadas não tem minorado o aumento da violência.
O fechamento das delegacias à noite, aos finais de semana e feriados, favoreceu o Governo, pois as vítimas deixaram de registrar ocorrências. Hoje, a função das delegacias circunscricionais e algumas especializadas foi reduzida ao registro de ocorrência e entrega de um pedaço de papel. Os investigadores se revezam nos plantões e não conseguem levar as investigações adiante. Resultado: impunidade e aumento da violência.
Para a direção-geral e para o governo é suficiente uma operação policial por semana, desde que seja amplamente divulgada nos meios de comunicação, para dar à opinião pública uma sensação de que a prestação de serviço está sendo realizada. Não está!
Na Polícia Civil do DF, os verdadeiros heróis estão nas delegacias abandonadas, nos plantões deixados ao relento, nas seções de investigação e cartórios que funcionam com apenas um servidor, nos postos de identificação com filas intermináveis, nos institutos com centenas de perícias a serem realizadas por um número ínfimo de peritos, nas carceragens sem agentes policiais de custódia.
Nossos heróis são nossos aposentados que sempre lutaram em favor de uma Polícia Civil forte, que trouxe justiça para a sociedade. Nossos heróis hoje em dia vivem doentes e endividados. Nossos heróis não se prestam a servir a um governo que nos humilha e despreza. Temos brio, coragem e honra, quando servimos à sociedade. Nossos heróis são Polícia de Estado e não Polícia de Governo.