UM PNEU DE CAMINHÃO
Miguezim de Princesa
I
Dizem que psicopata
Nunca sente uma emoção.
Agem assim os governantes
Que, apesar da comoção,
Acham que tudo é normal,
Roubar é algo banal,
Como almoçar feijão.
II
O Brasil foi mergulhado
Em grande corrupção:
Compraram base aliada
Com o tal do Mensalão;
Ah, não foi nada demais,
Inventaram o Petrolão!
III
Lula entregou o Brasil
Aos banqueiros de plantão,
Saiu perdoando dívidas
Daqui até o Butão,
Dilma se elegeu mentindo,
Espragatou-se no chão.
IV
Antes, tivemos tucanos,
Que também meteram a mão:
Finalmente o Azeredo
Foi enviado à prisão,
Deixou seu Fernando Henrique
Com o baseado na mão.
V
Temer, um ex-sócio de Lula,
Com a cara de Nosferato,
Entrou no lugar da Dilma,
Trocou logo de retrato,
Achou que era popular,
Começou o desacato.
VI
O partido do governo
Saiu juntando tostões,
Pega daqui, dacolá,
Aumentaram as prestações,
Só na casa de Geddel
Tinha 52 milhões.
VII
E para encobrir o rombo
Que deram na Petrobras,
Pediram a Pedro Parente,
Que é técnico até demais,
Pra dolarizar o diesel,
Subir o preço do gás.
VIII
Parente meteu o aço,
Sobe o diesel todo dia,
Saiu aumentando tudo,
Padre-Nosso, Ave-Maria!,
Acabou-se o tira-gosto
No Bar de Mané de Tia!
IX
Então, os caminhoneiros,
Sentindo a exploração,
Mostraram pra todas essas
Ratazanas da Nação
Que o povo brasileiro
Tem fibra no coração!
X
Disseram para o governo:
Respeite a população!
Reduzam esses impostos,
Aumentem a produção,
Parem de roubar o povo,
Senão tem revolução!
XI
As estradas bloqueadas,
Da Capital ao Sertão,
Começou a faltar tudo,
Pelo ar e pelo chão,
Faltou papel higiênico
E gasolina de avião.
XII
Aí vem a hipocrisia:
O Governo da Nação,
O Congresso Nacional,
Parte da população
Acordam para o problema
E procuram uma solução.
XIII
Já se sabe o que é errado:
Ferrar a população
Com a sangria dos impostos,
Roubar e meter a mão,
Não reformar os tributos
E escoar a produção.
XIV
Não há planos pro futuro,
Só ganância e enganação:
Não se reforma a política,
Mantêm o mesmo padrão,
O povo vendendo o voto
Para eleger o ladrão.
XV
A segurança largada,
Saúde e educação;
Quando terminar a greve,
Qualquer um pega o gamão
E enfia onde quiser,
Pois tem gente que só quer
Assistir televisão!
XVI
Ficou ao menos o alerta
Nas rodovias, na cidade,
Que, se não abrirem o olho,
Acabarem com maldade,
Vão se acabar no facão,
Só quem vive de ilusão
Renega a realidade.
XVII
E pra toda essa cambada
Que espolia a Nação,
Que vive de mordomia
Até pra pagar salão,
Que o bando queira ou não queira,
Vou desenhar na bandeira
Um pneu de caminhão!
*Miguel Lucena é Delegado da Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e articulista do Brasília In Foco News