Uma das propostas do pré-candidato Izalci Lucas é abrir o Centro Administrativo
Em entrevista ao Jornal de Brasília, o pré-candidato faz críticas ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e promete valorizar o servidor público e dar autonomia às administrações regionais.
Ocupar o Centro Administrativo do DF é meta de um eventual governo do presidente regional provisório do PSDB, deputado federal Izalci Lucas. O pré-candidato, que faz críticas ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB), promete valorizar o servidor público e dar autonomia às administrações regionais. Não descarta um plano de demissão para enxugar a folha de pagamento. Segundo ele, a chamada Via Alternativa (conjunto de partidos que sustentam sua pré-campanha) ganhará unidade até as urnas de outubro.
A Via Alternativa emite sinais de instabilidade. Sua pré-candidatura é para valer? Os partidos o apoiam?
É para valer. E está mais firme. A renovação da executiva provisória do PSDB no DF, até dezembro, é uma demonstração inequívoca de que a executiva nacional do PSDB coloca Brasília como prioridade. Tanto acreditam que já fizeram, publicamente, o lançamento da pré-candidatura. Existem outros partido que podem aderir. As pesquisas demonstram que nós temos todas as chances. Evidentemente, o governo, que vem para a reeleição, tem todo o interesse de causar instabilidade.
Essa vontade de ser governador é um sonho ou uma birra?
Tudo que sou, tudo que tenho devo a esta cidade. Quero dar igualdade de oportunidade para os jovens, gerar empregos, que é o grande problema da nossa juventude. Precisamos resgatar nossa cidade como a capital da esperança.
Geração de emprego? Resgate? Qual será sua plataforma?
Preparamos um projeto de desenvolvimento econômico. Queremos que cada região administrativa tenha um polo de desenvolvimento econômico para que as pessoas possam trabalhar na cidade, investir na cidade e votar na cidade. Isso, inclusive, vai melhorar a questão da mobilidade urbana e a geração de empregos. Queremos descentralizar a gestão pública. Queremos que cada cidade tenha autonomia, como se fosse uma cidade com prefeito, podendo ter autonomia para executar as ações.
Quais são suas propostas para saúde, segurança e educação?
Temos que modernizar a cidade com eficiência e tecnologia, porque ela é totalmente analógica. Você pega uma receita médica e pega o remédio em dez lugares – o mesmo remédio que não tem controle de estoque do medicamento. Então, temos que informatizar. Queremos resgatar e universalizar a questão do Saúde da Família. Precisamos cuidar do preventivo e não do curativo, como é hoje. Temos que colocar uma polícia inteligente, já que temos defasagem de pessoal. Em 2009, era para termos 18 mil policiais militares; hoje temos 11 mil. Temos que incentivar a educação integral. Temos que voltar com o programa do senador Cristovam Buarque (PPS), o Bolsa Escola, mas compatibilizando com a presença e a nota do aluno – coisa que o governo atual não faz. Falta para ele planejamento. Ele está aprendendo a governar durante o governo. Quando aprender, acabou o governo.
Em São Paulo, a gestão do PSDB colocou o servidor público em segundo plano. O senhor fará o mesmo?
Os servidores podem ficar muito tranquilos, porque vamos cuidar disso de forma muito pessoal. Nós temos que valorizar os profissionais. Falta levantar a autoestima desses profissionais, dar condições de trabalho. Os servidores serão também os grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico.
Qual é a sua avaliação e quais são seus planos para a reforma da Previdência no DF?
Foi uma atitude irresponsável. Esse governo só conseguiu pagar a folha de pagamento porque pegou o dinheiro da Previdência. Nós tínhamos R$ 7 bilhões na conta, e isso aplicado, evidentemente, daria condições de pagar as aposentadorias. E o governador foi lá e retirou R$ 1,7 bilhão, depois mais R$ 1,2 bilhão e acabou pagando a folha, mas ao mesmo tempo deixando a Previdência descoberta – inclusive vendendo ações do BRB pelo dobro do preço de mercado. Ele aceitou negociar por mais do que o dobro. No mercado, era R$ 33 e ele recebeu por R$ 82, nos preços de hoje. Há muita manipulação. Precisamos fazer um estudo para recuperar o Iprev. Temos muito patrimônio para fazer isso. Veja a Terracap: tudo que ela vendeu em 2017, deu R$ 328 milhões. Só as despesa de pessoal foram de R$ 370 milhões. Ou seja, tudo que ela vendeu não foi suficiente para pagar a folha.
O STF encaminhou à primeira instância um processo contra o senhor, que investiga suposto esquema de desvio de recursos públicos. Uma investigação por desvio de verba não poderia prejudicar sua candidatura?
Com relação à denúncia, nós que somos políticos recebemos muito isso. Quando veio para a primeira instância eu fiquei satisfeito, porque vai ser mais rápido para o julgamento, para a gente poder esclarecer isso. Tem muita perseguição política. Eu fiz auditoria no projeto Segundo Tempo, contra o governo Agnelo (PT), e demonstrei os desvios de recursos. Foi tudo montado contra mim. Estou doido para mostrar o que foi feito. Não tenho nenhuma dificuldade. São coisas que aconteceram em 2009. Você não analisa políticos pelo que falam, mas pelo que são. Se pegar meu patrimônio hoje, é menor do que quando entrei na política. Não coloquei filho meu em nenhuma área do governo. Nunca aproveitei nenhum incentivo fiscal. E olha que sou empresário.
Pretende fazer um programa de demissões para enxugar a folha? Cortar comissionados?
Nós precisamos trabalhar com meritocracia, para valorizar o servidor e colocá-lo de acordo com sua função e capacidade. As administrações têm que ter eficiência, com arquiteto, engenheiro. Temos que fazer parceria com as universidades para trazer estagiários. Temos que ter ousadia, criatividade e planejamento. Queremos resgatar as prefeituras de quadra e com um aplicativo podemos fazer tudo.
Não ficou claro. Estuda a demissão? Corte de comissionados? E a última parcela pendente de reajustes dos servidores concedida pela Justiça?
As empresas do GDF têm que ser eficientes. A Terracap era a maior indutora de investimento e desenvolvimento da cidade. É a imobiliária da cidade. Ela recebe os terrenos de graça, vende os terrenos e não tem que complementar para pagar salários? Não tem sentido um negócio desse. Caesb tem problema, CEB, BRB… Se for necessário fazer um Programa de Demissão Incentivada (PDI), faremos.
Corte de comissionados?
Se for necessário. E acredito que sim, porque, da forma como o governo está usando a máquina para a reeleição, com certeza teremos que reduzir – como ele iniciou dizendo, no início. E agora, vem realmente aumentando o número de comissionados.
O problema é a farra dos comissionados…
Não sabemos nem o que fazem. Temos que colocar as pessoas no lugar certo, dar trabalho e acompanhar. O maior problema que temos hoje é a falta de credibilidade do governo. Por exemplo, quem pode fazer investimento no governo é a iniciativa privada. A primeira PPP que fizeram é o Centro Administrativo. E o que fizeram? Não honraram com o compromisso. Está lá abandonado. Só de juros, até agora, são R$ 500 milhões. E quem vai pagar? Somos nós. Se fosse um governo com a mínima noção, teria levantado o custo real da obra, a margem justa do investimento, depositado em juízo e ocupado. E desocupava toda essa estrutura de prédios alugados que existe hoje.
O senhor pretende ocupar o Centro? E os reajustes?
Dia 1º de janeiro (de 2019), estaremos em Taguatinga usando o Centro Administrativo. A gente que tem a experiência na gestão sabe da importância de estar junto. Segundo, com relação aos reajustes. Óbvio que você tem que planejar. Lei? Declarada legal? Você tem que pagar. Agora, para pagar, você tem que ter recursos. Por isso digo que nosso principal projeto é o desenvolvimento econômico. Não só atrair de volta empresas que foram embora, mas trazer novas. Traremos muitas empresas da área de tecnologia para o DF.
O senhor teve emendas liberadas pelo Planalto. Votou contra o acolhimento das denúncias sobre o presidente Temer (MDB). Sem as emendas, teria votado do mesmo jeito?
Não tem relação de uma coisa com a outra. Evidentemente que a minha eficiência na execução de emendas é resultado do meu conhecimento técnico. Arrumei R$ 40 milhões para construir as escolas de tempo integral. Rollemberg não conseguiu fazer a licitação. Consegui 15 creches – quase R$ 50 milhões. E ele não conseguiu executar. Botei R$ 6 milhões para a Vila Planalto, em 2015. Até hoje o GDF não conseguiu licitar. Somos 11 parlamentares no Congresso. Temos direito a quase R$ 300 milhões por ano de emendas impositivas e o governo não consegue fazer. Botamos R$ 120 milhões para a construção do Hospital do Câncer. Ele sequer conseguiu fazer a licitação. Botamos R$ 70 milhões para as caldeiras dos hospitais. Não conseguiu executar. Sabe quantas vezes esse governo se reuniu com a bancada no Congresso? Zero. Com relação ao Temer, não podemos esquecer que essa votação aconteceu em um momento em que a eleição seria indireta, feita pelos próprios parlamentares no Congresso. Sei como funciona uma eleição indireta. As consequências para ao Brasil seriam muito piores.
E a gestão Temer?
Está sem condições de implementar aquilo que ele tem que fazer. Por exemplo, a reforma tributária. Já tinha que ter sido feita. Ninguém aguenta mais pagar essa carga não tendo contrapartida de serviços de qualidade. Não tem hoje ambiente para aprovar as reformas necessárias. Depois da eleição, Temer responderá em primeira instância. Aquilo que foi feito de errado tem que ser pago. Essa é a vantagem do PSDB. O PSDB não passa a mão na cabeça de ninguém.
Mas e os casos do senador Aécio Neves e do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo? Há santidade no PSDB?
Não é santidade. Tem o direito de defesa. E eles farão a defesa. Ninguém vai sair correndo em defesa daquele que for condenado.
Há gravações e fatos contundentes. O PSDB deixou de agir?
É decisão da Nacional. Eu não tenho e nem participo da Executiva Nacional. Vamos voltar para o DF. O PSDB vai cuidar desse caso e a Justiça também. Errou, tem que pagar.
Qual será seu foco?
Primeiro, geração de emprego. Investir em empreendedorismo com a juventude. Lançaremos o piloto nacional dos Centros de Desenvolvimento Regionais. Pegaremos o conhecimento da cidade para gerar emprego e renda para as micro e pequenas empresas. Tendo recursos, investiremos na área social.
Resuma os nomes:
Joaquim Roriz?
Social. Visão de futuro.
Agnelo Queiroz?
Desastre.
Rodrigo Rollemberg?
Decepção muito grande.
Jofran Frejat?
Gente boa. Mas há algum tempo afastado.
Izalci Lucas?
Determinado e quer fazer o melhor governo da história.
Entrevista concedida ao Jornal de Brasília
Publicada em 05/06/2018
Foto: Reprodução